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Pressão, histórico de vaias e adeus a Messi tornam Maracanã 'campo minado' para a seleção contra a Argentina

Mau começo nas Eliminatórias tende a deixar torcida carioca, famosa pelo histórico de vaias à seleção, menos paciente no clássico de terça-feira

Agência O Globo - 18/11/2023
Pressão, histórico de vaias e adeus a Messi tornam Maracanã 'campo minado' para a seleção contra a Argentina
Messi - Foto: Arquivo/ Instagram

Apenas 17 dias, pouco mais de duas semanas, separam a final da Libertadores, entre Fluminense e Boca Juniors, do Brasil x Argentina, pelas Eliminatórias da Copa 2026. As duas partidas apresentam algumas coincidências: duelos entre brasileiros e argentinos, no Maracanã lotado e com Fernando Diniz no comando. Mas as semelhanças podem parar aí. Enquanto a conquista da América marcou a consagração do treinador, o clássico da próxima terça, já inserido num contexto de pressão, pode apresentar a ele um conhecido outro lado do estádio, palco de vaias históricas à seleção.

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Depois de apenas cinco jogos, o trabalho de Diniz já sofre contestações. Todas alimentadas pelos resultados negativos. A derrota para a Colômbia foi a segunda seguida nas Eliminatórias. O Brasil terminou a rodada em quinto, com sete pontos. Se perder para a Argentina, corre risco de terminar 2023 fora da zona de classificação direta para o Mundial. E isso numa edição em que o número de vagas subiu de quatro para seis.

Para aumentar a sensação de que a equipe não vai bem, a campanha ainda bateu um recorde negativo. Desde a classificatória para a Copa de 1994, a seleção disputa ao menos cinco partidas. Já são sete edições com a presença do Brasil desde então. E a pontuação nunca foi tão baixa como agora.

A seleção está há três partidas sem vencer nas Eliminatórias e, pela primeira vez, perdeu duas seguidas na competição. Outro tabu quebrado em 2023 é a derrota inédita para os colombianos no torneio. Até então, haviam sido 14 confrontos, sendo sete vitórias brasileiras e sete empates.

— A equipe perdeu duas partidas, e isso é muito ruim. Mas eu acho que o tanto que o time mexeu, as mudanças que aconteceram da Copa do Mundo (do Catar) para cá, com pouco tempo para treinar, acho que tem que levar em consideração. E olhar para o lado positivo, das coisas positivas que tivemos aqui — defendeu Diniz após o jogo, referindo-se à evolução em relação à derrota para o Uruguai, quando a equipe só registrou uma finalização.

Mas mesmo quando a análise é sobre a atuação a seleção ainda deixa a desejar. Só que, ao invés do ataque, o problema é a defesa. A Colômbia teve a oportunidade de concluir 22 vezes contra a meta verde e amarela. E os seis gols sofridos nas Eliminatórias já superaram os levados em toda a edição passada (cinco). Ainda assim, Diniz mostrou certa tranquilidade.

— Acho que as coisas para corrigir são mais fáceis de serem corrigidas do que aquelas que a gente precisava do (jogo contra o) Uruguai para cá.

Seja pelos resultados, seja pela performance, o time deve encontrar um público desconfiado e com pouca paciência. O que não é uma novidade no histórico do Maracanã.

Que o diga Raí. Em 1998, ele deixou o gramado sob os gritos de “Pede pra sair”. Aquele foi o último jogo da seleção no país antes da Copa: uma derrota por 1 a 0 em amistoso contra os argentinos. O ídolo são-paulino acabou fora da convocação de Zagallo. E o Brasil só voltaria a receber os hermanos no Maracanã na final da Copa América de 2021 (derrota por 1 a 0).

Em 2008, o técnico Dunga sentiu a ironia dos cariocas em dose dupla. Primeiro, no empate com a Bolívia, no Nilton Santos (na época apenas Engenhão), pelas Eliminatórias da Copa 2010. A torcida fez “olé” para os toques do adversário e gritou o mesmo “Pede pra sair”. Depois, em nova igualdade, só que com a Colômbia, foi a vez do Maracanã repetir o “olé” e cantar “Adeus” para o treinador ainda no primeiro tempo. A seleção ficaria cinco anos sem voltar a atuar no Rio.

—Temos que estar preparado para tudo — admitiu Diniz sobre a possibilidade de encontrar um público hostil na terça. — Mas a gente vai jogar na nossa casa, no Maracanã. O estádio deve estar cheio. E vamos fazer de tudo para entregar aquilo que o torcedor deseja. É isso que espero do jogo.

Neste sentido, há ingredientes que fogem ao alcance de Diniz. Como o fato de Lionel Messi fazer sua provável despedida do Maracanã, uma das motivações para a grande procura do público. O próprio craque reconheceu que a arquibancada pode fazer a diferença no clássico de terça.

—A torcida do Brasil é bem exigente com sua seleção. Então vai ser um lindo desafio para a gente — comentou o argentino após a derrota para o Uruguai, na Bombonera.