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República, como ainda te quero

Neste dia 15 de novembro, o Brasil comemorará 134 anos de Proclamação da República. E o que há de importante nisso? Estas datas comemorativas servem para que todos reflitam sobre a relação entre a ideia precursora e o concreto, o materialismo histórico. E aí cabe a pergunta: o que é a nossa República?
Nossa República começou em um golpe de Estado. Não, aquilo não foi uma revolução! Não tinha povo, não tinha o pressuposto democrático e, principalmente, foi uma quartelada oportunista. Foi uma resposta à Princesa Isabel, futura imperatriz, que havia assinado a lei que abolia a escravização. Isso desagradou boa parte da classe dominante apoiadora do ímpeto golpista dos positivistas.
De lá para cá foram muitos golpes, como relata o livro de Gabriel Raemy Rangel, que aceitamos como inexoráveis. Com efeito, ficamos enredados na esperança quixotesca de um salvador da Pátria capaz de conduzir o povo brasileiro ao paraíso, que Vaz Caminha descreveu em sua carta ao Rei, lá em 1500. As esperanças sempre foram depositadas em pessoas. Como se nunca tivéssemos realmente rompido com a monarquia. Como se, do fim ao cabo, sempre quiséssemos um rei ou imperador que resolvesse nossos problemas por nós. Como se a República (Res + publica) não significasse “Coisa de Todos”.
Acreditamos em qualquer coisa. Acreditamos no anticomunismo de Vargas, ou no suposto comunismo de Goulart. No Golpe “preventivo” de 1964, ou no “caçador de marajás”. Acreditamos que um presidente tem todo o poder e não precisará do Congresso. Por isso votamos em qualquer um para deputado ou senador. Acreditamos até em um presidente que fala que vacina não funciona, mesmo depois de décadas de vitórias na saúde pública graças às vacinas.
Nesta medida não seria impossível que surgisse um personagem que simplesmente quisesse matar o presidente porque acreditou nele e depois descobriu que foi enganado. Foi refletindo muito sobre essa realidade brasileira que este articulista escreveu o “O Coronel que queria matar o presidente”. Esse Coronel representa cada um que, em algum momento da nossa tortuosa história republicana, quis matar um presidente porque se sentiu enganado.
Leonardo Bruno da Silva é professor de História da rede pública de ensino há 20 anos. Doutor e mestre em História Política, também é escritor e publicou o livro “O coronel que queria matar o presidente”
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