Esportes
Pan: Marcha atlética fará ‘pit stop’ em revezamento inédito com Caio Bonfim e Viviane Lyra, que desejam levar parceria até Paris-2024
Prova, que terá 42,195 quilômetros, será dividida em quatro percursos; homens começam e interclam com as mulheres; Santiago2023 fará a primeira prova internacional oficial do formato

O Brasil montará uma espécie de box de Fórmula-1 para a maratona de revezamento da marcha atlética dos Jogos Pan-americanos, a partir das 7h30 (de Brasília) desde sábado, no Parque O’Higgins, em Santiago. Quem explica é a Gianetti Sena, mãe e treinadora de Caio Bonfim, o melhor marchador do país, prata nos 20km em Santiago-2023. Ao lado de Viviane Lyra, que foi quarta lugar nos 20km, domingo, disputará o revezamento pela primeira vez, já que a prova é novíssima. Um "treino de luxo", como definiram, de olho em vaga à Paris-2024 que vai estrear o formato.
—O segredo será a recuperação entre um percurso e outro. Como um pit stop, em que terão de manter a musculatura aquecida — comenta Gianetti. — Por isso vamos levar um time para o box. Um pega isso, outro aquilo, um troca aqui, outro manipula lá... São várias coisinhas que vamos tentar fazer para melhorar os pneus (risos). Se é para deixar o negócio animado, vamos lá. Gosto de novidade e acho que a prova será divertida.
A treinadora explica que os 42,195 km de Santiago serão disputados nos moldes de Paris. Primeiro larga o homem para completar 11,195km. Depois, a mulher que fará 10km. O homem volta para mais 10km e a mulher encerra o revezamento com os 11km restantes.
— No intervalo, o atleta fará hidratação e teremos um fisioterapeuta para manipulação básica da musculatura. Ele terá de voltar a marchar mais devagar, neste espaço para o descanso e antes mesmo de voltar à prova. Se parar, o músculo enrijece e depois o atleta não sai do chão.
Ela conta que gostaria de ter uma banheira para crioterapia no box do Time Brasil, mas não sabe se a organização do Pan disponibilizará. Nesse caso, a saída será uma varredura (manipulação mais básica com o gelo). O box terá maca, bota de compressão (para a circulação sanguínea) e todo o material para hidratação.
Segundo Gianetti, em geral, atletas da marcha fazem treinos longos parecidos. O que muda é volume e intensidade. E, para ela, os detalhes que fazem a diferença para chegar ao pódio são "recuperação muscular, alimentação, sono e como o atleta leva a vida".
— O atleta vai marchar por cerca de 40 minutos, daí para por mais 40 minutos e volta para novo percurso. Ou seja, o desafio é voltar para a prova em alto nível, não se arrastando, e tendo condições de desenvolver tecnicamente o movimento da marcha — observa a treinadora, que acredita que a avaliação dos juízes será mais rígida nesta prova.
Dupla forte
Outra preocupação é com a zona de passagem. Vivi explica que haverá uma área, como no revezamento 4x100m, em que o atleta que estiver marchando terá de tocar no companheiro que entrará na prova. Além disso, chamou a atenção para o fato de que a distância entre os atletas será mais curta e no percurso só terá água.
— É preciso ter cuidado porque tem de fazer tudo marchando, inclusive na zona de passagem. É continuo — observa a atleta, que está curiosa com a novidade. — É uma forma da gente começar a conhecer essa prova, criar as estratégias.
Vivi, que já tem vaga olímpica para os 20km, lembra que o Brasil ainda busca vaga olímpica para esta prova. Haverá uma Copa do Mundo, na Turquia, no ano que vem, que será classificatória para Paris-2024.
— Não há definição de quem disputaria a prova em caso de classificação para Paris. Se eu fizer com o Caio Bonfim, será ótimo. Estamos em sintonia. Eu o admiro, ele tem muita garra, e isso também não me falta. Então a gente está ali, casadinho, uma dupla perfeita para buscar uma medalha — fala a atleta, que lembra que voltou aos treinos, em junho, após superar um quadro grave de hepatite: — Fiquei muito debilitada, emagreci muito, senti fraqueza, cansaço e prostração. Só queria ficar deitada. Foi um desânimo muito grande, inclusive mental. Tive muito apoio e me fortaleci. Graças a Deus consegui recuperar a minha saúde e a minha performance.
Caio, que também tem vaga olímpica para os 20km, se diz empolgado com a nova prova. E que o Brasil tem um time forte em Santiago e para Paris. Ele elogiou Vivi.
— É a primeira prova internacional oficial deste tipo (segundo Gianetti, EUA e China fizeram provas do tipo mas não oficiais). Pensando em Olimpíada é legal ter esta oportunidade, um treino de luxo — comenta ele. — E quando se é segundo e a Vivi, quarta (resultados do Pan), penso que podemos fazer uma boa prova. Eu e a Vivi nos damos muito bem, somos amigos. Ela fez um ano excelente e isso me empolga.
Ambos ressaltaram que esperam que o percurso de 42,195km esteja correto. No domingo, durante a prova feminina, um erro grotesco de marcação do percurso anulou todos tempos. Um marcador "nível A", da World Athletics, antiga Associação Internacional de Federações de Atletismo (IAAF), errou na homologação dos 20km, em cerca de 16% a menos, ou seja, 3,2km no total do percurso. Para o masculino, o percurso foi ajustado.
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