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As boas drogas

Léo Rosa de Andrade 26/10/2023
As boas drogas

“Pesquisa da vacina contra crack e cocaína da Universidade Federal de MinasGerais (segundo a direita ignorante um lugar de esquerdista maconheiro)recebe meio milhão de euros de para custear estudo. O prêmio é organizadopela multinacional farmacêutica Eurofarma. A Fundação de Amparo à Pesquisado Estado de Minas Gerais, do Governo de Minas (que, afirma a esquerda“democrática”, é ilegítimo porque é fascista) contribuirá com R$ 10 milhões. Adroga protegerá adultos e evitará, inclusive, que nasçam crianças viciadas emdecorrências de grávidas adictas” (Jô Andrade, G1, 20out23, editado).

Ainda bem que existem esses tão malfalados laboratórios farmacêuticos(conforme a esquerda “esclarecida”, eles querem o povo doente para vender-lhes remédios) que inventam vacinas e várias outras drogas fantásticas queproporcionam tanto conforto pessoal e revolucionam os costumes,remodelando os relacionamentos sociais. Não refiro os efeitos típicos dosremédios, pois estes, quem os usa os compreende bem. Destaco as drogascomo agentes indiretos – mas de radicais influências – na transformação dasociedade, do usufruir da existência e da própria natureza.

Exemplo: não faz tanto tempo, havia matança de rinocerontes, retiravam-se-lhes os chifres (pelos endurecidos) e se faziam preparos para obter ereçãopeniana. Abatiam-se tubarões, para se lhes sacar as barbatanas, pandas, parase lhes extrair bile, e diversos outros animais, com a mesma libidinosafinalidade. Isso tudo nunca endureceu um único pênis, embora propiciasseargumentos à imaginação, o que justificava o massacre da fauna. A chegadado Viagra ao mercado praticamente suprimiu o uso dessas poções mágicas,poupando alguns animais da extinção. A natureza agradece.

A longevidade humana cresceu. “Em Mônaco a expectativa de vida é de 87anos; próximos, estão Hong Kong e Macau; o Japão é o mais longevo entre aspotências mundiais. Seguem a lista: Liechtenstein, Suíça, Cingapura, Itália,Coreia do Sul e Espanha, de acordo com o relatório Perspectivas da PopulaçãoMundial da ONU. Exceptuando-se períodos de pandemias e guerras mundiais,a expectativa de vida aumentou de forma constante no mundo nos últimos 200anos, a partir do incremento de vacinas e antibióticos, remédios, saneamento,alimentação e condições de vida melhores” (BBC, 23fev23, editado). Todos ospaíses são capitalistas, o que não é mérito, contudo, de qualquer capitalismo.

Uma criança masculina nascida no Brasil, hoje, viverá até 69,6 anos de idadeem média. Isso coloca os homens brasileiros em 64º lugar no ranking mundial;as meninas viverão até 6,4 anos mais em média (DadosMundias.com, set22,editado). Embora mal situados, melhoramos: “Em nosso país, a faixa etária quemais cresce é a de 60 anos ou mais. São 20 milhões de pessoas, cerca de10% da população. Só nos últimos 30 anos a expectativa de vida aumentou,em média, 10 anos. Por volta de 2035, haverá mais idosos do que crianças eadolescentes. Para se ter melhor ideia relativa do nosso tempo de vida, é de sesaber que o de vários países é inferior a 40 anos (Isto é, 17mar10).

Entre os fatores limitantes da nossa longevidade estão as sequelas da maiorconcentração de renda do mundo. A vida longa é uma conquista dahumanidade, porém, se esvazia de sentido se não for igualmente desfrutadacom prazer e dignidade. Mas, atenção, inexiste velhice digna e prazerosa semdrogas. “82% dos brasileiros fazem sexo semanalmente (os gregos são oscampeões, com 87%). As pessoas com mais de 60 fazem sexo, em média,uma vez por semana ou a cada dez dias” (Época, 03mai10). Imagine-se oquanto o Viagra e seus similares concorrem para isso. Esses remédios estãoentre os mais vendidos. A satisfação que oferecem é a mais buscada.

A pílula anticoncepcional, igualmente, progrediu os costumes. Lançada eml960, democratizou a contracepção e permitiu à mulher apossar-se da suasexualidade e gozá-la em paz. Foi-lhe possível gerenciar a gravidez, trabalhar,ascender na carreira e livrar-se da dominação masculina. Essa liberdadepropiciou o sexo como só prazer. Acabou-se o fardo da prole excessiva (6,3filhos em 1960; 1,94 hoje, por mulher). A mulher obteve poupar-se para fruir aidade avançada, que hoje alcança e vive. Só resta um problema, e semsolução: todo contraceptivo é um (santo) pecado. Decida-se entre o céu no céue o céu na Terra, eu diria, se não soubesse que a mulher já se decidiu.