Variedades
Crítica internacional do livro de Britney Spears fala em relatos de traumas da cantora: 'Quase impossível terminar sem empatia'
A tão aguardada obra 'A mulher em mim' é lançada nesta terça-feira (24), dia 24

Após muita espera, nesta terça-feira, dia 24, acontece o lançamento da biografia de Britney Spears, "A mulher em mim". Nos últimos dias, as especulações sobre quais temas a obra traria da vida da cantora chegaram ao fim com a revelação de trechos que tomaram as redes sociais. A própria diva do pop chegou a comentar a repercussão, dizendo que não estava feliz com as manchetes que estava lendo sobre o livro.
As críticas de veículos internacionais apontam que o livro traz bastante relato de traumas sobre a vida de Britney, estando longe de ser um conjunto de "piadas" de uma pessoa bem famosa ou apenas "revelações de tabloides", conforme apontou o jornal The Guardian. Segundo a revista People, a pop star teria recebido US$ 15 milhões pela obra.
O jornal The Guardian ainda completou: "'The Woman in Me' conta uma história focada que torna indiscutíveis os laços entre o patriarcado e a exploração, e merece ser lida como um conto de advertência e uma acusação (...). Depois de tudo que Spears perdeu, a nitidez de sua perspectiva é um milagre. Ela questiona repetidamente por que ela era vista como 'perigosa'. Que a sua verdade represente uma ameaça legítima ao sistema que a explorou".
O The Independent escreveu que "se o livro de memórias de Spears deixa os leitores com alguma coisa, é o conhecimento de que ela merece algum tipo de paz. Qualquer um que tenha seguido Spears ao longo dos anos desejará o melhor para ela. Não há nada de organizado em trauma e recuperação, e espero que 'The Woman in Me' tenha sido catártico para ela. Certamente não é o fim da dor dela, mas seria bom se fosse o começo de um novo capítulo".
O jornal The New York Times apontou que "os fatos são apresentados de forma tão clara e sincera que o livro parece projetado para ser lido de uma só vez. É quase impossível terminá-lo sem empatia e indignação real em nome de Spears". Já o The Washington Post, avaliou que "quando Spears relembra sua vida, primeiro com melancolia e depois com raiva, fica claro que ela sente que, embora seus primeiros anos tenham sido levados às pressas para a idade adulta, ela passou essa idade adulta se sentindo como uma criança em um mundo de adultos corruptos".
Edição brasileira
Para os fãs brasileiros, a obra também vai ser lançada. A editora responsável, Buzz, publicou um vídeo nesta terça-feira mostrando como está o livro. Tem uma capa com a foto de Britney em um fundo preto, mas, por baixo, há uma capa rosa com o título da obra "A mulher em mim". "E o grande dia chegou", escreveu a editora.
O que já foi revelado
Bebidas com a mãe
Britney Spears usou sua biografia para contar sobre os primeiros anos de sua vida, quando ainda morava no estado do Mississipi, nos EUA, onde nasceu. No livro, ela fala sobre a relação com a mãe, Lynne Spears, com quem estreitava laços consumindo bebidas alcóolicas, quando ainda estava na oitava série, com apenas 14 anos. Apesar do consumo precoce e contra a lei, a experiência ao lado da mãe, segundo a artista conta, era totalmente diferente da impressão que ela tinha do pai, Jamie Spears, que lutou contra o alcoolismo.
"Eu amava poder beber com minha mãe de vez em quando. O jeito que nós bebíamos não era nada parecido com o que meu pai fazia. Quando ele bebia, ficava mais depressivo e na dele. Nós duas ficávamos mais felizes, vivas e aventureiras", conta a artista na biografia.
O contato com bebidas alcoólicas ainda na juventude não mudou a percepção de Britney sobre o início de sua adolescência. "Havia algo maravilhosamente normal sobre esse período da minha vida: ir aos jogos da escola e ao baile de formatura, dirigir pela nossa pequena cidade, ir ao cinema," escreveu. "Mas a verdade é que eu sentia falta de me apresentar", acrescentou Brtney, que lançou seu primeiro single, "...Baby One More Time", aos 16 anos.
Inocência
Após estourar no mundo da música, ainda muito nova, Britney conta no livro que precisou enfrentar um universo cruel. Na autobiografia, ela revela que sempre invejou artistas que conseguem lidar com os holofotes e a popularidade: “Invejo as pessoas que sabem como fazer a fama funcionar. Meu comportamento era inocente. Não estava tentando chamar atenção. Eu não sabia o que estava fazendo. Sentia como se estivesse vivendo à beira de um penhasco”.
Críticas e abuso
A estrela do pop também analisou sua relação com as críticas abusivas, vindas não só do público e da mídia, mas também do próprio pai, que, segundo ela, a atacou durante toda a carreira. Segundo Britney, os comentários vindos de Jamie eram, especialmente, motivo de mágoa.
“Se eu achava ruim ser criticada pela imprensa sobre meu corpo, doeu ainda mais por parte do meu próprio pai. Ele me disse repetidamente que eu estava gorda e que teria que fazer algo a respeito”, desabafou na obra: “Sentir que nunca é bom o suficiente é devastador para uma criança. Ele incutiu essa mensagem em mim quando eu era menina, e mesmo depois de eu ter conquistado tantas coisas, ele continuava fazendo isso comigo”.
Presa sob tutela
Ao repassar sua história, a cantora não deixou de fora uma das questões mais problemáticas de sua vida: os 13 anos sob a tutela do pai. No período, a artista afirmava que não tinha qualquer controle sobre suas finanças, seus bens, sua vida pessoal e sua carreira. Na época, Britney denunciou que, embora tivesse o desejo de ser mãe novamente, seu pai não a deixava ir ao médico para retirar dispositivo intrauterino (DIU).
À revista americana "People", numa entrevista recente em que falou sobre o lançamento de "A mulher em mim", ela admitiu que “é difícil falar sobre” os momentos mais sombrios que enfrentou, mas fez questão de listar algumas dessas situações ruins. “Não ter tido um momento de paz, os julgamentos de estranhos que nem me conhecem, ter minha liberdade arrancada de mim por minha família e pelo governo, e perder minha paixão pelas coisas que amo”, falou ela à "People", completando: “Tive que deixar meu cabelo crescer e voltar à forma. Tive que ir para a cama cedo e tomar todos os medicamentos que me disseram para tomar".
Ela conta que a repressão do pai a impactou em diversas áreas, inclusive na música. A cantora revelou que perdeu toda a sua criatividade para cantar e dançar, e culpa o pai por isso. “Eu fazia pequenas coisas criativas aqui e ali, mas meu coração não estava mais nisso. Quanto à minha paixão por cantar e dançar, naquela época era quase uma piada”, repassou ela na autobiografia, em que também escreveu: “A tutela usurpou minha feminilidade, me transformou numa criança. Me tornei mais uma entidade do que uma pessoa no palco. Sempre senti a música nos meus ossos e no meu sangue; eles roubaram isso de mim”.
Barreiras da indústria musical
Nas páginas da autobiografia, o machismo na indústria da música também foi um tópico levantado pela diva pop. Ela argumenta que muitos artistas homens também tiveram atitudes parecidas com as dela, em suas fases mais difíceis, mas não chegaram a enfrentar uma tutela.
“Treze anos se passaram e eu me sentia como uma sombra de mim mesma. Penso agora em meu pai e seus sócios tendo controle sobre meu corpo e meu dinheiro por tanto tempo e isso me faz me sentir mal”, reflete ela no livro: “Pensem em quantos artistas homens jogaram todo o seu dinheiro fora; quantos tiveram problemas de abuso de substâncias ou de saúde mental. Ninguém tentou tirar o controle sobre seus corpos e dinheiro. Eu não merecia o que minha família fez comigo".
Britney ainda lamenta que, pela tutela, ela era considerada incapaz de cuidar de si, mas capaz gerar lucros para a família. “Conquistei muita coisa naquela época em que era supostamente incapaz de cuidar de mim mesma. Às vezes eu achava quase engraçado como ganhei aqueles prêmios pelo álbum ('Blackout') que fiz enquanto estava supostamente tão incapacitada, que precisava ser controlada pela minha família. A verdade é que, quando parei para pensar sobre isso por muito tempo, não foi nada engraçado”, escreveu.
Aborto
Casal ícone dos anos 2000, Britney Spears e Justin Timberlake estiveram no centro dos holofotes durante o namoro, que durou três anos. A cantora, no entanto, manteve em segredo, durante duas décadas, uma parte importante do relacionamento dos dois, que só veio a ser revelada agora, na autobiografia. No livro, ela conta que realizou um aborto, após engravidar do galã, que na época era membro da boyband 'N Sync.
“Eu amei muito o Justin. Sempre esperei que um dia teríamos uma família juntos. Isso seria muito mais cedo do que eu esperava. Mas Justin definitivamente não estava feliz com a gravidez. Não queria ser pai. Ele disse que não estávamos prontos para ter um bebê em nossas vidas, que éramos muito jovens", relatou a cantora no livro.
O namoro começou em 1999, quando ambos tinham 18 anos. A relação chegou ao fim em 2002, seguida de algumas polêmicas e acusações de traição, feitas por Timberlake e desmentidas por Britney. "Tenho certeza de que as pessoas vão me odiar por isso, mas concordei em não ter o bebê. Não sei se essa foi a decisão certa. Se tivesse sido deixado apenas para mim, eu nunca teria feito isso. E ainda assim Justin tinha tanta certeza de que não queria ser pai", escreveu a artista.
Cabeça raspada
Em alguns trechos revelados da autobiografia, Britney finalmente contou o que a levou a raspar a cabeça, em 2007. A atitude foi tratada como um surto, em um momento no qual a cantora já era tratada como preocupação pelo público, após o término de dois casamentos, o nascimento dos dois filhos e internações em clínicas de reabilitação.
Segundo uma reportagem da época, do jornal britânico "The Sun", os supostos cabelos deixados por Britney no chão do salão onde raspou a cabeça, em Los Angeles, nos Estados Unidos, foram colocados à venda no site de leilões eBay, ainda no mesmo dia. Horas depois, os lances chegavam ao equivalente a 975 mil dólares, aproximadamente R$ 1,8 milhões, de acordo com a cotação da época.
“Eu fui muito observada enquanto crescia. Desde adolescente fui vista de cima a baixo, por pessoas que me diziam o que achavam do meu corpo. Raspar a cabeça e ter aquele comportamento em virtude do quão ruim me sentia foram minhas formas de reagir", escreveu a cantora no livro.
#FreeBritney
Em outro trecho divulgado, a artista relembra o movimento “Free Britney”, que movimentou milhões de fãs, em apoio ao fim da tutela do pai sobre a artista. Em dezembro de 2021, uma juíza de Los Angeles, nos Estados Unidos, deu fim ao processo que libertou a cantora.
“Nos últimos 15 anos, ou mesmo no início da minha carreira, fiquei sentada enquanto as pessoas falavam de mim e contavam a minha história. Depois de sair da minha tutela, finalmente fiquei livre para contar a minha história sem consequências por parte das pessoas responsáveis pela minha vida”, escreve ela na biografia, em que ainda agradece o apoio dos fãs: “Se você me defendeu quando eu não conseguia me defender, obrigada”.
'A mulher em mim'
Em entrevista à "People", Britney abriu o coração sobre sua própria história ao falar sobre o lançamento. “Finalmente é hora de levantar minha voz e falar, e meus fãs merecem ouvir diretamente de mim. Sem teorias da conspiração, sem mais mentiras – apenas eu assumindo meu passado, presente e futuro”, falou ela.
No livro, ela relata suas conclusões e seu processo de recuperação: “Isto é o que é difícil de explicar, a rapidez com que pude oscilar entre ser uma menina, ser uma adolescente e ser uma mulher, devido à forma como me roubaram a liberdade. Não tinha como me comportar como adulta, pois não me tratavam como adulta, então eu regredia e agia como uma menininha; mas então meu eu adulto voltaria – só que meu mundo não me permitia ser adulto“.
Na obra, ela ainda detalha: “A mulher em mim foi empurrada para fora por muito tempo. Eles queriam que eu fosse selvagem no palco, do jeito que me disseram para ser, e que fosse um robô o resto do tempo. Eu senti como se estivesse sendo privada daqueles bons segredos da vida – aqueles supostos pecados fundamentais de indulgência e aventura que nos tornam humanos. Eles queriam tirar essa especialidade e manter tudo o mais mecânico possível”.
Apesar dos tempos sombrios, como ela mesma descreve em "A mulher em mim", Britney espera que sua história seja um relato de resiliência e inspiração para os fãs: “Demorou muito tempo e muito trabalho para eu me sentir pronta para contar minha história. Espero que inspire as pessoas em algum nível e possa tocar corações. Desde que fui livre, tive que construir uma identidade totalmente diferente. Eu tive que dizer: espere um segundo, eu era assim: alguém passivo e agradável. Uma garota. E isto é quem eu sou agora – alguém forte e confiante. Uma mulher”.
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