Internacional

Em Porto Alegre, grupo interreligioso lança manifesto pela paz no Oriente Médio

Lideranças de nove religiões, além de políticos, sociedade civil e setor empresarial defendem solução de dois estados, liberação de reféns e condenação ao terrorismo

Agência O Globo - 24/10/2023
Em Porto Alegre, grupo interreligioso lança manifesto pela paz no Oriente Médio

No 17º dia da guerra entre Israel e a organização terrorista Hamas, um grupo formado por representantes de nove religiões reuniu nesta segunda-feira (23), em Porto Alegre, organizações da sociedade civil, entidades religiosas, o setor empresarial e autoridades em um ato em defesa da paz e contra o terrorismo. No evento, foi divulgado um manifesto em que o grupo pede que a comunidade internacional defenda a solução de dois estados e a libertação imediata de todos os reféns mantidos pelo grupo terrorista.

No Theatro São Pedro, no Centro da capital gaúcha, o Grupo de Diálogo Inter-Religioso reuniu figuras políticas como o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite; o presidente da Assembleia Legislativa do estado, Vilmar Zanchin; e o prefeito Sebastião Melo, além de universidades, órgãos da sociedade civil e representantes do setor econômico. O evento reuniu representantes do judaísmo e do islamismo, além de religiões de matriz africana, cristãs, espírita, tibetana e budista.

Coordenador do grupo e rabino de Porto Alegre, Guershon Kwasniewski pregou a paz contra "toda a forma" de terrorismo e defendeu que não pode haver indiferença frente às mortes em Israel e na Faixa de Gaza, que, desde o último dia 7 de outubro, superam 6,4 mil. O rabino, que tem familiares e amigos morando em território israelense, defende que as diferenças sejam tratadas e resolvidas pelo diálogo.

— Precisamos demonstrar para a sociedade que nós nos unimos contra o terrorismo, seja qual for a forma que se manifeste. Ele é o mal do século XXI e não podemos aceitar. Vamos levar uma prece para que a sociedade palestina possa voltar para seus lares, para que a sociedade israelense possa voltar para seus lares — afirmou Kwasniewski. — É um conflito que me afeta, e acontece a 10 mil km da minha casa. Em nenhum texto sagrado se fala em assassinar o próximo. Pelo contrário, fala que devemos amar o próximo igual a nós mesmos.

Os signatários do manifesto reconhecem no texto as dificuldades enfrentadas pelos dois lados do confronto e pedem que seja buscada uma "solução pacífica duradoura" para a rivalidade, que dura mais de 75 anos.

"Reconhecemos que israelenses e palestinos enfrentam desafios e preocupações legítimas. Mas a violência e o terrorismo só perpetuam o ciclo de dor, prejudicando famílias, comunidades e, acima de tudo, o objetivo fundamental de alcançar a paz. Por isso, levantamos sempre nossa voz contra o terrorismo".

Diante disso, os signatários defendem que a comunidade internacional "condene os atos de terrorismo e violência e busque soluções pacíficas", e que, dentro dessa avaliação, seja pensada uma mudança pela solução de dois estados, um palestino e um israelense, com fronteiras internacionalmente reconhecidas. Além disso, eles defendem que o Hamas libere imediatamente os reféns e que possa ser assegurado acesso a ajuda humanitária na região de Gaza.