Internacional

Peronismo se impõe como principal força no Congresso argentino

Candidato do Liberdade Avança obteve 29,98%, quase sete pontos percentuais a menos que Massa, do governista União pela Pátria, que conseguiu 36,68% dos votos

Agência O Globo - 23/10/2023
Peronismo se impõe como principal força no Congresso argentino
Sergio Massa - Foto: REUTERS/Agustin Marcarian

Além do surpreendente resultado obtido pelo presidenciável Sergio Massa, vencedor do primeiro turno nas eleições argentinas, o peronismo se impôs novamente como principal força no Congresso. As eleições do último domingo também renovaram 130 das 257 cadeiras da Câmara dos Deputados e 24 dos 72 assentos do Senado, onde a coalizão governista União pela Pátria, de centro-esquerda, seguirá com a maior bancada.

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A aliança peronista, que conta hoje com 118 deputados, perdeu cadeiras no Parlamento e terá 107 na próxima legislatura. Mas aumentou o número de senadores, passando de 31 para 34. Já a aliança Liberdade Avança, do ultraliberal Javier Milei, aumentou as bancadas na Câmara, passando de três para 39 deputados; e no Senado, onde passou de zero para oito cadeiras, tornando-se assim a terceira força no Parlamento argentino.

A coalizão de direita Juntos pela Mudança, de Patricia Bullrich e Mauricio Macri, foi a que perdeu mais postos: conseguiu apenas 24 das 33 cadeiras no Senado e 94 dos 117 assentos que tinha na Câmara.

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Os dois candidatos que disputarão o segundo turno na eleição presidencial argentina, em 19 de novembro, têm o desafio de ampliar sua base de apoio, partindo, ambos, de um alto índice de rejeição. De acordo com pesquisa realizada em setembro pela Universidade de San Andrés, a rejeição a Milei, de ultradireita e que espanta eleitores com propostas como permitir a venda de órgãos e reduzir drasticamente o tamanho do Estado — podendo, nessa cruzada, eliminar programas de ajuda social —, atinge 53%.

Já o peronista Sergio Massa, deve convencer os argentinos de que ser o ministro da Economia num país mergulhado numa crise dramática não significa que não possa ser o presidente que resolva essa mesma crise.

Embora o vencedor do primeiro turno tenha mostrando uma capacidade surpreendente de melhorar seu desempenho eleitoral após um magro resultado nas primárias de agosto (quando conseguiu, individualmente, apenas 21,43% dos votos), Massa não pode ser considerado favorito no pleito. Os argentinos estão sufocados por uma taxa de inflação que superou 100% nos últimos 12 meses, e há quatro meses atinge os dois dígitos mensalmente. O ministro e candidato não tem resultados positivos para mostrar, e sua melhor alternativa, reconhecem estrategistas que trabalham em sua campanha, é trabalhar para aumentar a rejeição a Milei.

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Segundo pesquisas que circulam no comando de campanha de Massa, a estratégia deu certo e depois das Paso a rejeição ao candidato da ultradireita aumentou de forma expressiva, o que explica, em parte, a liderança do peronista no primeiro turno.

Massa focou em dois setores específicos da sociedade: mulheres e moradores de grandes cidades. O candidato peronista atacou seu adversário com uma campanha do medo que captou a atenção de milhares de argentinos, e instalou a ideia, entre muitos, de que Milei representa uma ameaça para a sobrevivência dos mais humildes, e, também, para a democracia. A jogada foi clara, explicou um dos estrategistas do candidato: se você não pode melhorar sua aprovação, aumente o rechaço a seu adversário.