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Memória: candidata a sede de 2031, São Paulo recebeu Pan-Americano há 60 anos

Capital paulista abrigou a quarta edição dos Jogos Pan-Americanos, em 1963

Agência O Globo - 20/10/2023
Memória: candidata a sede de 2031, São Paulo recebeu Pan-Americano há 60 anos
Jogos Pan-Americanos - Foto: Reprodução/cob.org.br

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, anunciou na quinta a candidatura oficial da cidade para sediar os Jogos Pan-Americanos de 2031. Se confirmada, a capital paulista receberá a competição pela segunda vez, após organizar o Pan de 1963.

Naquele ano, 1.665 atletas de 21 países desembarcaram no Brasil para a disputa de 18 esportes. O desempenho dos atletas brasileiros seria histórico — até 2019, esta era a melhor colocação do país na história da competição. Ao longo de quinze dias, a delegação conquistou 14 medalhas de ouro, 20 de prata e 18 bronze, terminando em segundo lugar no quadro, atrás apenas dos Estados Unidos.

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A abertura dos Jogos ocorreu no dia 20 de abril daquele ano, no estádio do Pacaembu, com a presença de 50 mil pessoas.

Foi a edição com menor número de competidores da história. Com o evento esvaziado, até mesmo países com pouca tradição na competição, como o Uruguai, conseguiram destaque. Dos 22 países participantes, 18 conquistaram medalha na capital paulista. Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Haiti, Nicarágua e Paraguai não enviaram atletas a São Paulo.

Na época, quase não houve a necessidade de grandes obras para a recepção dos atletas. Foram utilizadas as estruturas dos clubes da cidade e do estádio do Pacaembu, até então o mais importante da capital paulista.

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A Vila Olímpica foi construída na Cidade Universitária, onde hoje é o Conjunto Residencial da USP (Crusp). Os prédios deveriam ficar prontos em três anos, mas levaram apenas 150 dias para serem entregues. O único esporte disputado fora da cidade foi o pentatlo moderno, em Itatiaia (RJ), na Academia Militar das Agulhas Negras.

Com arenas cheias de pagantes interessados e baixo gasto público, os Jogos Pan-Americanos de São Paulo trouxeram lucro para seus organizadores. Com a receita do evento, o Comitê Olimpíco do Brasil (COB) adquiriu sua primeira sede, no Rio de Janeiro.

Modalidades em destaque

No futebol, a seleção brasileira conquistou o ouro ao vencer a Argentina na decisão. O time contava com os ainda jovens Carlos Alberto e Jairzinho, que seriam campeões mundiais sete anos depois. Na campanha, destaque para a goleada da seleção contra os americanos, por 10 a 0.

O Brasil participava pela segunda vez do torneio de futebol do Pan. Em 1959, em Chicago, a seleção ficou com a medalha de prata. Em 1963, a história seria diferente e a equipe se reuniu cerca de um mês antes do começo da disputa para se preparar.

A seleção terminou o Pan de forma invicta, dona do melhor ataque (18 gols marcados) e da melhor defesa (sofreu três, assim como a Argentina). Airton, com onze gols, foi o artilheiro da competição. A Argentina ficou com a prata e o Chile levou o bronze.

O Brasil também mostrou muita força na vela — três ouros — e no vôlei, esporte em que o time masculino e feminino foram campeões.

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No tênis, a já supercampeã Maria Esther Bueno levou o ouro, o primeiro de uma mulher brasileira em competições individuais na história dos Jogos. Ronald Barnes foi o campeão no masculino. Nas duplas, Ronald, ao lado de Carlos Fernandes, também foi ouro.

O boxe foi o esporte que mais deu pódios ao Brasil em 1963. Foram nove, sendo três de ouro, cinco de prata e uma de bronze, contra oito do atletismo — duas de prata e seis de bronze. O tênis somou seis (três de ouro).

A seleção masculina de polo aquático conquistou a única medalha de ouro da história do país na modalidade. O time derrotou os EUA por 6 a 4 no jogo mais importante da chave e levou o título.

*Estagiária sob a supervisão de Mauricio Xavier