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Em 14 dias, viúvo de Zé Celso Martinez arrecada R$ 55 mil em vaquinha para reforma de apartamento incendiado

Marcelo Drummond divulgou a vaquinha em 4 de outubro, três meses após o incêndio que destruiu o local em que o casal vivia, contando que a obra foi avaliada em R$ 240 mil; iniciativa tem recebido apoio de artistas como Dira Paes

Agência O Globo - 17/10/2023
Em 14 dias, viúvo de Zé Celso Martinez arrecada R$ 55 mil em vaquinha para reforma de apartamento incendiado
Foto: José Cruz/Agência Brasil

Viúvo de Zé Celso Martinez, Marcelo Drummond segue na esperança de reformar o local em que morava com o artista em São Paulo. Os dois apartamentos interligados foram destruídos por um incêndio na manhã de 4 de julho. Zé Celso teve queimaduras em quase 60% do corpo, chegou a ser internado, mas não resistiu. Segundo Marcelo, a obra para reformar a casa foi avaliada em R$ 240 mil. Para conseguir esse valor, ele abriu uma vaquinha on-line no dia 4 de outubro, exatamente três meses após o incidente.

"Eu sou ator, e o Teatro Oficina não tem nenhum patrocínio. Reformar o acervo precioso que restou em cada caixa, gaveta, armário, estante... Virou minha missão", contou ele no vídeo em que anunciou a vaquinha, acrescentando que, desde que voltou a ter acesso ao local, cerca de um mês após o incêndio, tem limpado tudo com extremo cuidado. Em 14 dias, a vaquinha já arrecadou pouco mais de R$ 55 mil. Famosos como Dira Paes têm apoiado e divulgado a vaquinha.

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Nas redes sociais, Marcelo tem divulgado a vaquinha, além de fotos de espaços do imóvel. Na última semana, ele compartilhou mensagem sobre a arrecadação agradecendo a colaboração das pessoas e também mostrou acervos de Zé Celso no local, contando que o marido "era super organizado com o trabalho". A nova etapa seria descobrir o conteúdo em meio aos arquivos.

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Marcelo e Zé Celso moravam com dois amigos no local, formado pelos dois apartamentos interligados. O marido do artista e os amigos do casal Ricardo Bittencourt e Victor Rosa, e também o cachorro Nagô, chegaram a ficar em observação por terem inalado muita fumaça, mas não se feriram gravemente. Zé Celso teve queimaduras em mais de 50% de seu corpo e morreu no dia 6 de julho, dois dias após a tragédia.

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Quando divulgou a vaquinha, Marcelo explicou que precisaria fazer a reforma para devolver o imóvel aos proprietários: "Depois dessa tragédia brutal, eu preciso conseguir recursos para iniciar uma obra extensa. Os apartamentos que eram unidos, ficaram destruídos. Janelas, louças de banheiro, tudo o que foi tomado pelo fogo virou destroço. O que não virou destroço, está coberto de fuligem, as paredes estão pretas. Preciso fazer uma obra para colocar os imóveis em ordem e devolver para os proprietários", contou.

No mundo das artes cênicas, o dramaturgo Zé Celso Martinez sempre ocupou um lugar especial. Com uma carreira marcada por realizações notáveis e uma dedicação apaixonada ao teatro, Zé Celso tornou-se uma figura icônica no cenário cultural brasileiro. Com 86 anos de idade, ele estava em seu apartamento quando o fogo se iniciou, por volta das 7h30 da manhã do dia 4 de julho. A suspeita é de que o incêndio tenha sido causado por um curto-circuito no aquecedor.

Zé Celso Martinez é amplamente reconhecido como um dos dramaturgos mais importantes do Brasil. Sua jornada artística começou no final dos anos 1950, quando fundou o Grupo de Teatro Amador Oficina durante seus dias de faculdade na Faculdade de Direito do Largo São Francisco. O grupo posteriormente se tornou o Teatro Oficina, uma das companhias teatrais mais respeitadas e duradouras do país, com 65 anos de história.

Nos primeiros anos de sua carreira, Zé Celso escreveu peças autobiográficas, como "Vento forte para papagaio subir" (1958) e "A incubadeira" (1959). À medida que a profissionalização do grupo avançava, eles alugaram a sede do Teatro Novos Comediantes, em 1961, e montaram produções notáveis, incluindo "Pequenos burgueses" (1963) e "Andorra" (1964), que abordou o regime militar brasileiro.

Com a ascensão do regime militar em 1964, o Teatro Oficina enfrentou censura e dificuldades, mas Zé Celso continuou a criar peças que desafiavam o status quo e promoviam o teatro épico de Bertolt Brecht. Sua contribuição para o teatro brasileiro é inestimável, e sua influência ressoa até os dias de hoje.