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Presos ligados à morte de candidato presidencial do Equador são assassinados na prisão e general é demitido

Luisa González e Daniel Noboa foram os mais votados na eleição de domingo após um primeiro turno marcado pelo assassinato do candidato Fernando Villavicencio

Agência O Globo - 07/10/2023
Presos ligados à morte de candidato presidencial do Equador são assassinados na prisão e general é demitido

O Equador anunciou neste sábado que demitiu um general da polícia e o diretor da autoridade penitenciária, após o assassinato de pelo menos sete detidos ligados ao assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio. Os presos foram mortos durante confrontos na prisão Guayas 1, em Guayaquil, cenário frequente de confrontos sangrentos entre gangues de traficantes.

"Haverá uma reestruturação no alto comando da polícia. Nas próximas horas, será anunciado quem liderará a instituição", disse Juan Zapata, ministro do Interior.

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O presidente equatoriano, Guillermo Lasso, se encontrou na manhã deste sábado com o Comitê de Segurança no palácio presidencial em Quito. Ele voltou às pressas de uma viagem a Nova York, onde estava por motivos pessoais.

— Não haverá conivência nem encobrimento, a verdade será conhecida aqui — disse o presidente na sexta-feira, após as primeiras mortes.

Lasso, que está em uma guerra aberta contra o narcotráfico, tinha planos de viajar de Nova York a Seul para uma visita oficial a partir deste sábado, com o objetivo de impulsionar as negociações de um acordo comercial. A viagem foi cancelada e todas as atividades diplomáticas e comerciais planejadas foram suspensas.

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As sete pessoas assassinadas haviam sido capturadas logo após o assassinato de Villavicencio, em 9 de agosto, a poucos dias do primeiro turno. O então candidato foi baleado no norte de Quito, após um comício da campanha para as eleições gerais antecipadas de 20 de agosto. Outro jovem colombiano que teria participado do ataque foi morto no local pelos seguranças do político.

As mortes aconteceram poucos dias antes do segundo turno das eleições presidenciais, em 15 de outubro, entre a candidata Luisa González, pupila do ex-presidente Rafael Correa, e o empresário Daniel Noboa, surpresa no primeiro turno. Desde julho, um estado de exceção foi declarado em todas as prisões do país devido à violência entre os presos.

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A prisão Guayas 1, onde ocorreram os assassinatos, faz parte de um grande complexo penitenciário localizado em Guayaquil, no sudoeste do país. A cadeia, no entanto, funciona há anos como um centro de operações para gangues, que disputam o controle do tráfico de drogas. Os conflitos entre presos resultaram em mais de 430 mortes desde 2021.

Mídias locais informaram que o pavilhão 7 está sob controle dos "Los Águilas", uma das várias gangues equatorianas aliadas a cartéis do México, como Sinaloa e Jalisco Nueva Generación, e da Colômbia.

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O Equador encerrou o primeiro turno de uma campanha presidencial abalada pela violência política e pelo narcotráfico. Além de Villavicencio, outros sete políticos foram assassinados no último ano, incluindo um prefeito, dois vereadores municipais, um candidato a deputado e um líder local.

Noboa, que surpreendeu na reta final, instou o governo a investigar a morte dos detentos. "Como podemos permitir o empoderamento da violência que mergulhou o país todo no terror e na incerteza?", questionou, em comunicado. Sua rival, por sua vez, denunciou uma "estratégia de terror que estão tentando impor à população".