Internacional
Invasão surpresa do Hamas coloca em evidência falhas de segurança das forças de segurança de Israel
Militantes entraram por cerca fronteiriça entre Gaza e Israel, onde há milhares de câmaras, sensores e patrulhas regulares, por mar e até por parapente
Israel, o país que tem os serviços de Inteligência mais numerosos e bem financiados do Oriente Médio, foi pego de surpresa neste sábado, quando um ataque coordenado do Hamas deixou, até agora, 432 mortos e centenas de feridos. A invasão surpresa do Hamas colocou em evidência muitas falhas de segurança, que poderiam ter sido evitadas com os esforços conjuntos do Shin Bet, o serviço de segurança do país; da Mossad, sua agência de espionagem; e de todos os ativos das Forças de Defesa de Israel.
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Israel leva a sério a sua preparação para tais ataques: a maioria dos cidadãos está sob recrutamento obrigatório, e o governo testa regularmente os seus sistemas de resposta e retirada de civis. No terreno, ao longo da tensa cerca fronteiriça entre Gaza e Israel, há milhares de câmaras, sensores de movimento terrestre e patrulhas regulares do Exército, recém instalados ao longo de 65 quilômetros.
A cerca com arame farpado é usada como uma “barreira inteligente” justamente para evitar o tipo de infiltração que ocorreu no ataque. Não adiantou: na madrugada de sábado, militantes do Hamas abriram caminho através do local, fazendo buracos no fio, ou entraram em Israel por mar e por parapente.
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Segundo a rede al-Jazeera, pelo menos um soldado do Hamas foi filmado voando em um pára-quedas motorizado. Uma lancha transportando caças também foi vista indo para Zikim, uma cidade costeira israelense com uma base militar.
Neste sábado, o Exército israelense confirmou que um “número indeterminado de terroristas” se infiltrou no território a partir da Faixa de Gaza e ainda precisou desmentir relatos de que um major-general tivesse sido sequestrado. Até agora, o Hamas afirma ter feito 53 “prisioneiros de guerra”.
O Domo de Ferro, o famoso sistema antimísseis de Israel, também não foi páreo para o lançamento coordenado de milhares de foguetes, que aconteceram 50 anos e um dia depois da Guerra do Yom Kippur, quando uma coalizão de países árabes, liderados por Egito e Síria, atacaram a região do Deserto do Sinai e nas Colinas de Golã, territórios anexados à força por Israel na Guerra dos Seis Dias, em 1967.
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Preparar e levar a cabo um ataque tão complexo e coordenado, envolvendo o armazenamento e o disparo milhares de foguetes — mais de 2.200, de acordo com Tel-Aviv, e 5 mil, segundo os palestinos — deve ter exigido altos níveis de segurança operacional por parte do Hamas. E claro, contado com apoio do Irã, que comemorou o sucesso da operação.
— Um evento desta escala com penetração pela fronteira e para além dela é de fato inédito — disse ao GLOBO o pesquisador sênior do Instituto para Estudos de Segurança Nacional, Kobi Michael. — Mas é muito mais do que isso. Toda a operação estava bem preparada e planejada e há grande falha da Inteligência de Israel em relação às questões operacionais.
Os ataques ainda acontecem em um momento conturbado politicamente: o governo do primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, sobrevive desde dezembro passado graças a uma coalizão integrada pela extrema direita e por ultraortodoxos. Após o ataque, Netanyahu disse que seu país está em guerra contra o Hamas, e anunciou ter ordenado “uma ampla mobilização” de reservistas.
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