As autoridades mexicanas confirmaram, nessa quinta-feira, a morte de seis dos sete jovens sequestrados no domingo, 24, em Zacatecas (centro-norte), um dos estados mais afetados pela violência do tráfico de drogas.

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“O Ministério Público foi ao local (…) realizou os laudos periciais, os trabalhos periciais e ontem à noite os familiares já conseguiram identificar os jovens”, disse o secretário do governo local, Rodrigo Reyes, à estação de televisão Milenio.

O outro jovem do grupo dos sete, identificado como Sergio Yobani Acevedo, de 18 anos, foi encontrado vivo, mas ferido, na quarta-feira.

As vítimas, entre 14 e 18 anos, foram sequestradas na manhã de domingo por um grupo armado em uma fazenda na cidade de Villanueva, onde participavam de uma festa. Eles eram amigos e quatro deles eram menores.

Os corpos das vítimas e do sobrevivente foram encontrados em uma zona rural daquele município, em meio às operações realizadas pelas forças estaduais e federais para resgatá-los.

Na madrugada dessa quinta-feira, o presidente Andrés Manuel López Obrador lamentou o ocorrido e disse que o jovem ferido “está testemunhando para saber o motivo desses crimes”.

Reyes explicou que Acevedo encontra-se com quadro de saúde “estável” em um hospital da cidade de Zacatecas, onde está sendo tratado de hematomas na cabeça e no rosto.

À tarde, o promotor de Zacatecas, Francisco Murillo, informou que dois adolescentes, de 15 e 16 anos, foram presos por provável relação com o crime.

“Temos testemunhas que reconhecem que podem fazer parte do grupo armado que levou as vítimas”, disse.

A morte dos seis jovens ocorreu um mês e meio depois do sequestro e possível assassinato de outros cinco meninos, amigos de infância, em Lagos de Moreno (estado de Jalisco, oeste), caso que causou choque.

Telefones celulares

A Procuradoria ainda não informou os motivos do crime em Zacatecas, onde operam vários cartéis de narcotráfico que disputam rotas de tráfico de drogas e cobrança de extorsões (que às vezes incluem sequestros), entre outras atividades ilegais.

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A agência inicialmente descartou que se tratasse de recrutamento forçado por grupos criminosos, prática que geralmente afeta homens jovens em vários estados do México onde operam gangues de narcotráfico.

“Essas pessoas estavam dormindo (...) quando aparentemente por volta das quatro da manhã começaram a ver a presença de um grupo criminoso de pessoas que chegou em veículos, as tirou e levou-as embora”, disse o promotor de Zacatecas, Francisco Murillo.

No início de agosto passado, o sequestro e assassinato de cinco jovens em Lagos de Moreno chocou o país, pois seu cativeiro e tortura foram divulgados em foto e vídeo nas redes sociais. Nenhum deles foi localizado.

Outras sete pessoas, incluindo membros da comunidade LGBTQIA+, também desapareceram no dia 1º de setembro, num centro de reabilitação no estado de Guerrero (sul).

Onda de violência

Zacatecas foi atingida pelas lutas entre o Cartel Jalisco Nueva Generación e o Cartel de Sinaloa, duas das principais organizações criminosas do país.

- Nessa guerra de cartéis (...) há um fenômeno de recrutamento forçado de jovens para se juntarem às fileiras do tráfico de drogas - disse David Saucedo, especialista em segurança.

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Naquele estado, foram registrados até agora 721 homicídios em 2023, enquanto cerca de 3.649 pessoas estão desaparecidas, a grande maioria homens entre 15 e 30 anos.

Além disso, duas de suas principais cidades, a capital Zacatecas e Fresnillo, estão entre as cidades onde as pessoas se sentem mais inseguras, segundo pesquisas oficiais.

Os acontecimentos em Zacatecas fazem parte de uma onda de violência que se intensificou essa semana em várias regiões do México. Na quarta-feira, homens armados bloquearam várias estradas no estado de Nuevo León (fronteira com os Estados Unidos) e incendiaram veículos, um dia depois de pelo menos sete corpos desmembrados terem aparecido em diferentes pontos da cidade de Monterrey (norte), capital do estado.

Da mesma forma, no último fim de semana, em Chiapas (sul), foi visto um desfile inédito de integrantes do Cartel de Sinaloa, que disputa a Nova Geração de Jalisco pelo controle de cidades fronteiriças com a Guatemala, o que gerou escassez e cortes de energia elétrica.

O México tem mais de 420 mil mortos e cerca de 100 mil desaparecidos, a maioria atribuídos a organizações criminosas, desde o lançamento de uma controversa ofensiva militar antidrogas, em dezembro de 2006.