Internacional

Organização Repórteres Sem Fronteira denuncia ameaças e ataques contra jornalistas na Amazônia

Segundo a ONG, foram registrados 66 casos de ataques à liberdade de imprensa, entre junho de 2022 e junho de 2023, nos nove estados da Amazônia brasileira

Agência O Globo - 21/09/2023
Organização Repórteres Sem Fronteira denuncia ameaças e ataques contra jornalistas na Amazônia

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou, nesta quinta-feira, que os jornalistas da Amazônia brasileira têm “um alvo nas costas”, vítimas de ameaças, pressões e ataques para evitar a cobertura dos problemas ambientais da região.

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Num primeiro relatório local sobre os desafios jornalísticos, a RSF compila até 66 casos de ataques à liberdade de imprensa, entre 30 de junho de 2022 e 30 de junho de 2023, nos nove estados da Amazônia brasileira.

“Aqueles que monopolizam a terra e os recursos naturais procuram silenciar qualquer voz que denuncie abusos e violações dos direitos humanos e da legislação ambiental”, denuncia a ONG, em comunicado.

As dificuldades jornalísticas na região, fundamental na luta contra as alterações climáticas, tornaram-se evidentes com o assassinato do jornalista britânico Dom Phillips e do ativista indígena brasileiro Bruno Pereira.

Ambos desapareceram em 5 de junho de 2022 no Vale do Javarí, uma remota reserva indígena no norte do Brasil, perto da Colômbia e do Peru, onde operam traficantes de drogas, garimpeiros ilegais e caçadores.

A polícia atribuiu o crime a pescadores com supostas ligações a uma rede de tráfico de droga, que confessaram ter disparado contra os dois homens, desmembrado seus corpos e escondido-os na selva, onde foram encontrados dez dias depois.

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O crime “mostrou o desafio de garantir a segurança dos jornalistas que continuam ameaçados na região”, afirma a RSF.

Segundo a organização, dos 66 ataques em um ano, 16 estão diretamente relacionados com denúncias sobre a indústria agrícola, exploração mineira, povos indígenas e violações de direitos humanos.

Observa, também, que um terço dos ataques ocorreu antes das eleições presidenciais de outubro de 2022.

A RSF alerta que essas ameaças, somadas às pressões políticas e econômicas, “podem levar à autocensura” dos jornalistas na região, e por isso apela ao desenvolvimento de políticas de prevenção e proteção.

“A defesa do jornalismo livre, plural, independente e local na Amazônia deve ser parte integrante das medidas para enfrentar a emergência climática”, afirmou o diretor da ONG para a América Latina, Artur Romeu.