Internacional
Secretário de Justiça dos EUA enfrenta republicanos na Câmara e nega proteger Biden: 'não sou advogado do presidente'
Merrick Garland se recusou a responder perguntas sobre detalhes das investigações contra o filho do presidente americano, Hunter Biden
O Secretário de Justiça dos EUA, Merrick Garland, foi bombardeado com perguntas e acusações de deputados republicanos durante uma audiência da Câmara americana, nesta quarta-feira. Garland tem sido um dos alvos preferenciais de partidários do ex-presidente Donald Trump que o acusam sem provas de politizar o Departamento de Justiça e interferir em investigações a favor do presidente americano, Joe Biden, e do filho dele, Hunter Biden.
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— Não sou advogado do presidente. Eu vou complementar que eu não sou promotor do Congresso. O Departamento de Justiça trabalha para o povo americano — reagiu Garland.
O que seria uma audiência rotineira de supervisão do Comitê Judiciário da Câmara se transformou em uma prévia do que pode ocorrer, nas próximas semanas e meses, durante o inquérito de impeachment autorizado na semana passada pelo presidente da Casa contra Biden. Kevin McCarthy indicou que caberia a três comissões — além da Judiciária, a de Supervisão, e Formas e Meios – conduzir a investigação sobre o presidente e sua família, enquanto os republicanos buscam evidências de irregularidades financeiras ou corrupção.
Na fala de abertura, o secretário de Justiça fez uma defesa contundente da atuação de seu departamento e apontou para crescentes ameaças de apoiadores de Trump a agentes federais e promotores como Jack Smith, responsável por duas denúncias contra o ex-presidente.
— Não vamos nos intimidar. Vamos fazer o nosso trabalho livre de interferência externa. E nós não vamos recuar em defender a democracia — afirmou.
Essa foi a primeira ida de Garland à Comissão desde as denúncias de Smith. Ele atraiu ainda mais a artilharia pesada dos republicanos depois que uma tentativa de acordo para encerrar um processo criminal contra o filho do presidente fracassou. Hunter Biden foi denunciado formalmente por ter mentido em um formulário federal sobre o uso de drogas quando comprou um revólver Colt há cinco anos e por porte ilegal de arma, na semana passada. Garland foi assertivo ao declarar que o departamento não vai abrir informações sobre o caso aos parlamentares.
Em suas intervenções, os republicanos se concentraram nas acusações contra Hunter Biden e no que descreveram como tratamento leniente do Departamento de Justiça ao presidente e sua família. Focaram especialmente em uma declaração de um ex-investigador do Serviço de Receita Federal que alegou que o promotor de Justiça de Delaware, David Weiss — que conduz a investigação sobre sonegação fiscal contra Hunter Biden — havia sugerido que estava sendo impedido de investigar completamente o caso. O próprio promotor, que foi indicado ao cargo por Trump, já negou as alegações.
O secretário de Justiça se recusou repetidamente a responder perguntas sobre deliberações internas ou decisões em torno da investigação, e a comentar as duas acusações federais contra Trump. Deputados republicanos insinuaram que o secretário poderia enfrentar acusações ou um processo de impeachment por se recusar a responder questionamentos durante a audiência.
Garland é peça-chave na propagação das acusações não comprovadas de que o presidente americano teria tentado bloquear investigações contra o filho — uma das alegações citadas pela ala mais radical do Partido Republicano para apoiar um pedido de impeachment do presidente.
No entanto, republicanos mais moderados, incluindo aqueles dos distritos em que Biden venceu na votação presidencial, indicaram que não apoiariam um processo de perda de mandato, a menos que os investigadores pudessem vincular as negociações comerciais de Hunter Biden — que se envolveu em transações com empresas estrangeiras — a seu pai, ou descobrir evidências de crimes graves e contravenções cometidos pelo próprio presidente. (Com New York Times)
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