Internacional

Azerbaijão bombardeia região separatista de Nagorno-Karabakh

Região vive nova escalada da tensão após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas

Agência O Globo - 19/09/2023
Azerbaijão bombardeia região separatista de Nagorno-Karabakh

O Azerbaijão iniciou nesta terça-feira uma nova operação militar na região separatista de Nagorno-Karabakh, de maioria armênia. A “agressão em grande escala” acontece após Baku ter reportado a morte de quatro policiais e dois civis em explosões de minas na região, episódios que o país atribui a “terroristas” pró-Armênia.

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“A única forma de alcançar a paz e a estabilidade na região é a retirada incondicional e completa das forças armadas armênias da região de Karabakh, no Azerbaijão, e a dissolução do chamado regime (separatista armênio)”, afirmou o Ministério da Defesa de Baku em comunicado.

O governo da Armênia afirma que não possui tropas na região, o que implica que os seus aliados separatistas estavam sozinhos para enfrentar as “operações antiterroristas” lançadas pelo Azerbaijão. O Azerbaijão, por sua vez, disse que abriu corredores humanitários para permitir a retirada de civis.

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Segundo o Ministério da Defesa do Azerbaijão, foram bombardeadas “posições das Forças Armadas armênias e infraestruturas militares”. Já os separatistas de Nagorno-Karabakh denunciaram a “violação do regime de cessar-fogo" por parte do Azerbaijão em toda a linha de contato, com "ataques de mísseis e artilharia”.

— Estamos assistindo ao Azerbaijão se mover para a eliminação física da população civil e a destruição dos alvos civis — disse à agência italiana Ansa Sergei Ghazaryan, ministro das Relações Exteriores da autoproclamada República de Artsakh.

“Para garantir a evacuação da população da zona de risco, foram estabelecidos corredores humanitários e pontos de recepção na estrada de Lachin e em outras direcções”, afirmou o Ministério da Defesa num comunicado.

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De acordo com agências de imprensa russas, o primeiro-ministro armênio, Nikol Pashinyan, pediu uma intervenção do Conselho de Segurança da ONU e das forças de paz da Rússia no território. A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Moscou, Maria Zakharova, afirmou que o país está “preocupado com a repentina escalada” da tensão e cobrou o respeito à trégua.

Já o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, apelou ao Azerbaijão para cessar imediatamente as suas operações militares na região. “As ações militares do Azerbaijão devem ser interrompidas imediatamente para permitir um diálogo franco entre os armênios de Baku e Karabakh”, disse Michel na rede X, antigo Twitter.

Histórico de disputas

Nagorno-Karabakh proclamou a sua independência de Baku quando a União Soviética se desintegrou, desencadeando um conflito armado vencido pelos separatistas armênios no início da década de 1990. Com a vitória, a Armênia ficou com controle de cerca de 13% da área total do território azeri. Baku, por sua vez, recuperou parte da região em uma ofensiva em 2020, aproveitando seus lucros com gás natural para comprar armamento superior da Turquia e de Israel.

Durante cerca de um mês e meio, Azerbaijão e Armênia guerrearam pela posse de Nagorno-Karabakh naquele ano, mas um cessar-fogo em vigor desde 10 de novembro de 2020 interrompeu o conflito, que deixou de milhares de mortos.

Embora o Azerbaijão tenha vencido a guerra, no entanto, ainda não alcançou todos os seus objetivos, incluindo um corredor terrestre para o enclave de Naquichevão, uma fatia separada do território do Azerbaijão na fronteira sudoeste da Armênia, que daria ao país uma ligação direta com a Turquia. Também pretende exercer maior controle sobre o Corredor Lachin, alegando que a Armênia o usa para transportar minas terrestres ilegalmente para Nagorno-Karabach.