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‘Sem arrependimentos’: rainha Elizabeth II estava ‘em paz’, diz reverendo no aniversário da morte da monarca

O então moderador da Assembléia Geral da Igreja da Escócia, reverendo Iain Greenshields, foi hóspede no Castelo de Balmoral durante os últimos dias de vida da rainha

Agência O Globo - 06/09/2023
‘Sem arrependimentos’: rainha Elizabeth II estava ‘em paz’, diz reverendo no aniversário da morte da monarca

Na dia seguinte à morte da rainha Elizabeth II, que completa um ano nesta sexta-feira, o então moderador da Assembléia Geral da Igreja escocesa, reverendo Iain Greenshields, relembrou das conversas que teve com a monarca em seus últimos dias de vida. Ele ficou hospedado no Castelo de Balmoral, propriedade dos Windsor na Escócia e um dos lugares preferidos da rainha, onde ela estava sob cuidados médicos quando morreu. “Ela estava em boa forma”, declarou na ocasião.

Um ano depois, em entrevista ao jornal britânico Daily Mail, o reverendo deu novos detalhes sobre o estado de espirito da rainha naqueles últimos dias em Balmoral. Segundo Greenshields, a monarca estava muito frágil, mas mantinha a mente aguçada e aparentava estar “em paz” e “sem arrependimentos”.

O novo relato do reverendo revela ainda que a rainha estava nostálgica, relembrando o passado com uma memória surpreendente, e refletindo a respeito de sua fé e da do pai, o rei George VI.

— Ela mencionou o pai, George VI, e a grande influência que a sua fé teve sobre ela — disse o reverendo, de acordo com o Daily Mail.

‘Estava em paz’

Greenshields admitiu que a aparência fragilizada da rainha o impressionou e se mostrou surpreso pela visita não ter sido cancelada na ocasião em virtude da saúde da monarca. Elizabeth II mateve a visita e o sermão que ele conduziu na Igreja de Crathie, próxima ao castelo.

Do mesmo modo, o mundo acompanhou os esforços de Elizabeth II em cumprir os compromissos reais durante essas últimas semanas de vida, no dia da posse da então primeira-ministra, Liz Truss. A imagem da rainha, bem mais magra e com aparência abatida, apertando a mão da premier empossada, gerou preocupação dentro e fora do Reino Unido. A foto foi divulgada apenas dois dias antes da monarca falecer.

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O reverendo Greenshields contou ao jornal que foi um dos poucos visitantes do castelo naquele período. Durante os três dias em que esteve lá, apenas seis pessoas participaram dos jantares, incluindo a princesa Anne e o marido, Timothy Laurence, e o treinador de cavalos da rainha, John Warren. Durante os jantares, a rainha falou de sua fé, do amor pela Escócia e da beleza de Balmoral, temas que ele recorda terem permeado também as conversas privadas que tiveram naqueles dias.

— Em um momento das nossas conversas, ela foi até a janela e disse ‘quem não gostaria de estar aqui’. Ela estava em um lugar muito tranquilo, muito privado. Ela estava em paz — contou o reverendo ao jornal.

Cada vez menos cristãos

O religioso, que esteve no funeral da rainha na Abadia de Westminster, disse acreditar ser comum que as pessoas reflitam sobre fé e lembrem dos pais no fim da vida, como ocorreu com a rainha. Como monarca, Elizabeth II era a governadora suprema da Igreja Anglicana, posto hoje ocupado pelo rei Charles III. Religião e fé eram elementos centrais de seu reinado.

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A Igreja da Inglaterra, ou Anglicana, foi fundada no século XVI pelo rei Henrique VIII, que rompeu com a Igreja Católica Apostólica Romana. Durante o reinado de Elizabeth II, a Igreja tinha orações que se referiam à monarca. Elas constam no "Livro de Oração Comum", publicado pela primeira vez em 1662, e eram repetidas nos cultos dominicais e em canções, elementos religiosos ligados a ela e que precisaram ser alterados com a ascensão de Charles ao trono.

O novo rei foi coroado em maio, em um país bem diferente do que quando a mãe subiu ao trono em 1953. Especialmente em termos de fé. Em novembro passado, um levantamento do Escritório Nacional de Estatísticas britânico mostrou que apenas 46,2% da população da Inglaterra e do País de Gales se reconheciam como cristãos e destes, somente 15% se dizem anglicanos. Uma década antes, o percentual era de 59,3%.