Internacional

Quase 300 alunas são impedidas de entrar em escolas na França por uso de trajes muçulmanos

Ao todo, 298 meninas foram advertidas; ministro da Educação diz que 'maior parte se conformou com a norma', mas 67 decidiram voltar para casa após o ocorrido

Agência O Globo - 05/09/2023
Quase 300 alunas são impedidas de entrar em escolas na França por uso de trajes muçulmanos

Quase 300 alunas foram impedidas de entrar nas escolas francesas nesta segunda-feira por irem vestidas com a abaya muçulmana, peça de vestuário feminina que foi proibida pela primeira vez nas instituições locais. O número foi divulgado pelo ministro da Educação, Gabriel Attal, durante entrevista ao canal de televisão “BFM”.

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Na ocasião, ele afirmou que as escolas francesas iniciaram, nesta terça-feira, uma “fase de sensibilização, de pedagogia e de diálogo” sobre o uso da abaya. Ao todo, 298 alunas foram advertidas ao tentar entrar na escola. Segundo o ministro, “a maior parte se conformou com a norma”, mas 67 meninas decidiram voltar para casa após o ocorrido.

Attal afirmou, também, que assinou uma carta dirigida às famílias das alunas que não quiseram mudar a vestimenta. O objetivo, de acordo com ele, é “explicar que a laicidade não é um ato de coação”. A abaya é um vestido tradicional muçulmano que cobre as mulheres da cabeça aos pés, e o ministro considera a peça como um símbolo religioso utilizado pelas estudantes que pretendem identificar-se como muçulmanas.

— Atrás do abaya, atrás do qamis, há meninas, meninos e famílias. Seres humanos com quem é preciso dialogar, aplicar pedagogia — afirmou o novo ministro da Educação. — Serão acolhidos e haverá uma conversa com eles para explicar-lhes o sentido da regra e porque tomamos esta decisão. A laicidade é um dos valores fundamentais da escola da República Francesa.

A França já havia proibido o uso de símbolos religiosos nas escolas, mas a utilização frequente da abaya por parte das alunas levou o governo de Paris a proibir a peça de roupa nas instituições de ensino. O presidente francês Emmanuel Macron defendeu a proibição do item face a uma “minoria que desafia a laicidade” das escolas. Ele afirmou, também, que o governo pretende experimentar o uso de uniformes.

— A escola deve permanecer neutra. Eu não sei qual é a sua religião e você não sabe qual é a minha religião — disse Macron em entrevista nesta terça-feira.