Internacional

Primeira-dama da Ucrânia revela impacto da guerra na família: 'Preciso do meu marido, e não de uma figura histórica ao lado'

Olena Zelenska conta que ficou escondida durante meses após início do conflito e destaca custo emocional da violência e da ausência do pai na vida dos filhos

Agência O Globo - 05/09/2023
Primeira-dama da Ucrânia revela impacto da guerra na família: 'Preciso do meu marido, e não de uma figura histórica ao lado'

Nos meses seguintes a fevereiro de 2022, quando as tropas russas avançaram sobre o território ucraniano, Olena Zelenska ficou escondida com os filhos em locais secretos. Em entrevista à rede britânica BBC, a primeira-dama da Ucrânia afirmou que sentia "uma sensação constante de adrenalina" no início da guerra. Depois, com o passar do tempo, disse ter descoberto que era "necessário" se acalmar e viver "nas condições existentes".

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Olena Zelenska conta que a eclosão da guerra separou a família. Ela e os filhos já não estão no esconderijo, mas veem o marido e o pai, o presidente Volodymyr Zelensky, viajar o mundo para se encontrar com líderes internacionais e fazer discursos.

— Não moramos juntos com meu marido, a família está separada — disse Zelenska à BBC, em entrevista publicada nesta terça-feira. — Temos a oportunidade de nos ver, mas não com a frequência que gostaríamos. Meu filho sente falta do pai. Isso pode ser um pouco egoísta, mas preciso do meu marido, e não de uma figura histórica, ao meu lado.

A primeira-dama reforço o custo emocional da guerra na vida dos filhos. Segundo ela, os jovens "não planejam nada", embora sonhem com viagens, novas sensações e emoções.

— Minha filha tem 19 anos. Ela não tem essa oportunidade — destacou. — Existem limitações de tempo no que você pode se permitir, elas existem e, de alguma forma, tentamos viver dentro delas.

Olena Zelenska e Volodymyr Zelensky começaram a namorar ainda no Ensino Médio. Chegaram a trabalhar juntos num grupo de comédia e num estúdio de televisão. Ele era ator e ela, roteirista. Apesar de sentir falta do marido, ela disse que o parceiro "realmente tem a energia, a força de vontade, a inspiração e a teimosia para enfrentar esta guerra".

— Eu acredito nele. E eu o apoio. Eu sei que ele tem força suficiente. Para qualquer outra pessoa que eu conheço, acho que seria muito mais difícil essa situação. Ele realmente é uma pessoa muito forte e resiliente. E essa resiliência é o que todos nós precisamos agora.

Durante a guerra, Olena se engajou em iniciativas de combate aos impactos psicológicos da guerra. Ela prepara a organização de uma cúpula sobre saúde mental com o ator e escritor britânico Stephen Fry, por exemplo, e diz esperar ser possível "dar esperança ou conselho a alguém".

— Ninguém pode saber o que os espera. Afinal, ninguém poderia imaginar que, no século 21, tal guerra seria desencadeada no meio da Europa, que seria tão cruel. Uma guerra sangrenta. Então, nunca imaginei que estaria neste papel neste momento — destacou a primeira-dama, que se disse confiante na vitória no conflito. — Temos grandes esperanças de vitória, mas não sabemos quando ela chegará. E esta longa espera e o estresse constante têm o seu preço.