Internacional

Ex-diretora de escola judaica é condenada a 15 anos de prisão por abuso sexual na Austrália

Malka Leifer foi considera culpada em abril em 18 acusações, incluindo estupro e agressão sexual; segundo as vítimas, a agressora teria dito que "isso a ajudaria na noite de núpcias"

Agência O Globo - 24/08/2023
Ex-diretora de escola judaica é condenada a 15 anos de prisão por abuso sexual na Austrália

A ex-diretora de uma escola judaica ultraortodoxa na Austrália foi condenada nesta quinta-feira a 15 anos de prisão por abusar sexualmente de duas estudantes entre 2004 e 2007. Malka Leifer foi diretora e ministrava aulas sobre religião na Escola Adass Israel de Melbourne. A sentença vem após a mulher ter sido considerada culpada em abril deste ano em 18 acusações, incluindo o estupro de uma estudante e a agressão sexual da irmã da vítima. As informações são da AFP.

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Ao pronunciar a condenação, o juiz Mark Gamble afirmou que seu crime "marcou por toda a vida" as irmãs. Ele também destacou a "indiferença" da acusada, descrita como uma "grave agressora sexual", em relação às vítimas. Vestida com um uniforme azul claro, a mulher ouviu impassível a sentença por videoconferência de sua prisão.

De acordo com a acusação, Leifer estuprou uma das irmãs, então adolescente, em 2006, depois de convidá-la para dormir em sua casa para "aulas de kallah", um curso de etiqueta pré-matrimonial. A ré teria dito ainda às alunas em diversas ocasiões que elas estavam sendo preparadas para se tornar esposas.

— Isso vai ajudá-la em sua noite de núpcias — teria dito Leifer a uma das vítimas segundo a AFP.

A mulher chegou a ser absolvida por um outro júri em uma acusação de agressão sexual contra a terceira irmã, Micole Meyer. A Escola Adass Israel de Melbourne faz parte de uma casta judaica reclusa nos arredores da cidade e, segundo o juiz, "era uma vida em que as leis e os costumes religiosos eram muito importantes e estritamente respeitados".

O ambiente sufocante, somado à alta posição de Leifer na comunidade, tornou extremamente difícil para as irmãs se posicionarem, disse o juiz Gamble, de acordo com a AFP. Por isso, ao deixarem o tribunal, as outras duas vítimas, Dassi Erlich e Elly Sapper, celebraram a decisão do juiz de "derrubar os muros do silêncio" na comunidade ultraortodoxa de Melbourne.

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— Estamos aqui hoje porque não desistimos — declarou Erlich. — Esta luta nunca foi só nossa. Mostramos que as vozes dos sobreviventes não serão e não podem ser silenciadas, quaisquer que sejam os obstáculos.

O advogado de defesa Ian Hill disse anteriormente que Leifer negou "qualquer conduta criminosa alegada por cada um dos denunciantes" e que suas interações com os alunos eram "profissionais e adequadas".

Leifer é mãe de oito filhos e fugiu para Israel em 2008, quando começaram a circular rumores sobre os abusos. A ré, que tem dupla nacionalidade (israelense e australiana), lutou durante anos para evitar sua extradição, mas foi finalmente entregue à Austrália em 2021.