Internacional

Em documentário, Putin disse que ‘traição’ é a única coisa que não perdoaria

Político deu declaração às vésperas de se reeleger, pela terceira vez, presidente do país

Agência O Globo - 23/08/2023
Em documentário, Putin disse que ‘traição’ é a única coisa que não perdoaria
Vladimir Putin - Foto: Wilson Dias/Agência Brasil

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, afirmou, em um documentário publicado no ano de 2018, que a única coisa que não perdoava era a “traição”. Naquela ocasião, o político deu essa declaração às vésperas ter sido reeleito, pela terceira vez consecutiva, como presidente do país.

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"Você acredita no perdão?”, perguntou o repórter. “Sim, mas tem coisas que eu não consigo perdoar”, respondeu Putin, que foi retrucado pelo entrevistador: “o que é impossível perdoar?”. “Traição”, afirma o presidente.

Nesta quarta-feira, Putin culpou o Ocidente pela guerra na Ucrânia e agradeceu aos países aliados pela tentativa de achar uma saída "justa e pacífica" para o conflito, durante a reunião de cúpula do Brics, em Johannesburgo, na África do Sul. Putin participou do encontro por videoconferência, a partir de Moscou, e enviou seu ministro das Relações Exteriores, Sergey Lavrov, como representante no evento.

— Alguns países promovem sua excepcionalidade hegemônica e suas políticas de colonialismo e neocolonialismo vigentes. Eu gostaria de apontar que a aspiração em preservar essa hegemonia no mundo provocou a profunda crise na Ucrânia, primeiramente pelo apoio do Ocidente a um golpe de Estado inconstitucional — disse Putin, em um raro e detalhado pronunciamento sobre as origens do conflito, referindo-se à Revolução Maidan, de 2014, que derrubou o governo do ex-presidente Viktor Yanukovich, considerado pró-Rússia.

Ainda de acordo com o presidente russo, que detalhou o reiterado posicionamento do Kremlin sobre o que classifica como uma "operação militar especial" na Ucrânia, foi a interferência ocidental para a queda de Yanukovich que expôs populações russófilas a uma violência em massa no país do Leste Europeu.

— As pessoas que não concordaram com esse golpe de Estado, tiveram de encararam uma guerra. Uma guerra que foi lançada contra elas, uma guerra de atrito, que durou 8 anos. A Rússia decidiu apoiar pessoas que lutam por sua cultura, suas tradições, sua língua e seu futuro — disse Putin.

Embora o discurso tenha sido quase uma retomada dos pontos destacados por autoridades de Moscou no último ano, o líder russo abordou o que parece ser o objetivo da Rússia no conflito: direcionado ao Donbas.

— Nossas ações na Ucrânia são lideradas por apenas uma coisa: colocar um fim na guerra que foi desencadeada pelo Ocidente contra pessoas em Donbas — afirmou.