Internacional
Unicef: 2 milhões de crianças precisam de ajuda humanitária após golpe no Níger
General golpista Abdourahamane Tchiani anunciou que pretende ficar no poder por três anos de 'transição'
Mais de dois milhões de crianças precisam de ajuda humanitária no Níger, informou nesta segunda-feira o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). O país que fica na empobrecida região africana do Sahel, localizada entre o deserto do Saara e a savana do Sudão, sofre com a violência de grupos jihadistas e foi palco de um golpe militar no mês passado. "Mais de dois milhões de crianças foram afetadas pela crise e precisam desesperadamente de ajuda humanitária", disse a organização em um comunicado.
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Antes da instabilidade provocada pelo golpe e pela ameaça de intervenção militar de países da África Ocidental, o Unicef estimava que 1,5 milhão de crianças menores de 5 anos sofriam de desnutrição em 2023 e, entre estas, pelo menos 430 mil tinham a forma mais letal de desnutrição. A organização prevê que os números divulgados hoje podem subir, "se os preços dos alimentos continuarem aumentando e se uma recessão econômica atingir famílias, lares e rendas”.
O Unicef também alerta que a falta de eletricidade, agravada pelas sanções impostas pela Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao) após o levante militar, afeta a capacidade de manter a refrigeração de vacinas o que pode comprometer a imunização de menores. A agência da ONU fez um apelo para que os atores envolvidos no agravamento da situação no país garantam os canais de fornecimento vitais, bloqueados em diferentes pontos, e também a atuação de agentes humanitários.
'Transição de 3 anos'
Neste fim de semana, a junta militar que derrubou o presidente democraticamente eleito Mohamed Bazoum anunciou que pretende se manter no poder pelos próximos três anos. Segundo o general golpista Abdourahamane Tchiani, líder da junta, será um período de transição, em desafio ao ultimato dado pela Cedeao que exigiu a restauração do governo deposto e aprovou a decisão de intervir militarmente caso não haja sucesso nas tentativas de mediação diplomática.
Tchiani advertiu, no sábado, que qualquer agressão internacional “não será um passeio como alguns acreditam” e que enfrentarão “26 milhões de nigerinos”
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Apesar do tom bélico, o general se reuniu com representantes da Cedeao e permitiu que a missão de negociadores se encontrasse com o presidente deposto, mantido em prisão domiciliar desde o golpe de 26 de julho.
Na capital Niamei a tensão está no ar. No domingo, milhares de pessoas participaram de uma manifestação em apoio à junta militar golpista. Mais uma vez, a multidão gritou em coro críticas a Cedeao e à França, que foi potência colonizadora e mantém militares no país, uma influência cada vez mais ofuscada pela presença de representantes de interesses russos na região do Sahel, especialmente por meio dos mercenários do Grupo Wagner.
Em reposta à ameaça de guerra, centenas de jovens atenderam ao chamado dos golpistas e se apresentaram a uma unidade de alistamento das Forças Armadas, no estádio nacional de Niamei, no sábado. Na sexta-feira, os chefes de Estado-Maior dos países da Cedeao aprovaram o plano operacional para uma possível intervenção militar no Níger e anunciaram que foi definida uma data para a ação, sem divulgar o cronograma. No entanto, seguem os esforços diplomáticos. No sábado, a delegação da Cedeao liderada pelo presidente da Nigéria, Abdulsalami Abubakar, foi recebida pelo primeiro-ministro golpista, Ali Mahaman Lamine Zeine, no aeroporto internacional da capital, antes da reunião com os dois lados do conflito interno. (Com AFP e El País)
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