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Prefeito equatoriano diz ter sido alvo de ataque uma semana após assassinato de candidato presidencial

Francisco Tamariz saiu ileso do ataque junto com sua esposa e outros dois parentes que viajavam em um veículo blindado

Agência O Globo - 19/08/2023
Prefeito equatoriano diz ter sido alvo de ataque uma semana após assassinato de candidato presidencial

O prefeito da cidade litorânea de La Libertad, Francisco Tamariz, próximo ao ex-presidente Rafael Correa, denunciou neste sábado ter sido vítima de um atentado a tiros na véspera, dois dias antes das eleições gerais antecipadas para domingo no Equador . Ele saiu ileso do ataque junto com sua esposa e outros dois parentes que viajavam em um veículo blindado, que teria recebido cerca de 30 disparos.

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“Tentaram ME MATAR”, disse o político através do X (antigo Twitter), acrescentando que há mais de 8 testemunhas do ataque, que aconteceu por volta da meia-noite de sexta-feira.

Correa, cuja candidata Luisa González é favorita para vencer o primeiro turno neste domingo, republicou a denúncia no Twitter. A Polícia e o governo não se pronunciaram sobre o fato.

Segundo Tamariz, seu carro blindado foi alvejada por duas pessoas à paisana que saíram de um veículo policial enquanto ele dirigia do porto de Guayaquil para La Libertad.

— Em questão de segundos começaram a crivar o veículo [de balas], começaram a disparar contra nós, não perguntaram quem estava ali — disse o prefeito, ao lado da esposa, ambos com coletes à prova de balas. — Se o carro não fosse blindado, eu não estaria aqui. Seria impossível para mim estar falando com você depois dos 30 tiros que foram disparados contra o carro.

Perto dali, na província de Santa Elena, dezenas de pessoas viveram momentos de medo e confusão após uma série de detonações ouvidas no centro da cidade. Famílias que estavam em um evento tradicional da cidade se esconderam em uma igreja, a poucos metros do edifício municipal.

Indústria de segurança cresce

O país vive um clima tenso após o assassinato do candidato presidencial Fernando Villavicencio, na semana passada, morto a tiros quando saía de um comício em Quito. O candidato tinha acabado de entrar em um carro, que não era blindado, quando foi alvo de tiros. Vários colombianos foram presos, por suposto envolvimento no crime, ainda não solucionado.

Um dia depois, outro dirigente político foi assassinado.

A demanda por segurança cresce no país de 18,3 milhões de habitantes — especialmente entre políticos de todos os lados do espectro político assustados com as ameaças e atentados ou empresários que temem ser sequestrados, além de profissionais de meios de comunicação, entre outros grupos mais visados.

— [Com] O nível de insegurança que vivemos agora, as pessoas estão buscando essa alternativa — disse à AFP Nicolás Reyes, dono de uma empresa de blindagem.

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Há pouco mais de um ano, o empresário inaugurou sua unidade de produção na capital, novo foco do terror que o narcotráfico impõe após anos em que a violência atingia sobretudo o porto de Guayaquil, no sudoeste do país, banhado pelo Pacífico.

Ficou no passado a época em que o Equador era um oásis de paz entre a Colômbia e o Peru, os maiores produtores mundiais de cocaína. Agora, seus portos são cruciais para a exportação da droga, enquanto a corrupção nos órgãos estatais cresce, de acordo com especialistas.

Sánchez conta que, no dia seguinte ao assassinato de Villavicencio, choviam telefonemas de clientes pedindo orçamentos. O ritmo frenético de produção o levou a ampliar as instalações da empresa por falta de espaço. Reyes concorda que o atentado contra Villavicencio foi a “gota d'água” para os equatorianos.

Apesar de não haver números oficiais, para Carla Álvarez, especialista em segurança, o boom da indústria do setor é uma resposta natural diante da percepção de falta de proteção da sociedade.

— As pessoas que vivem nas regiões mais abastadas se sentem muito vulneráveis — explica Álvarez.

Tanto o partido de Villavicencio como outras correntes políticas culpam o atual governo de Guillermo Lasso pela crise. Alguns reclamam que o presidente entregou a segurança ao setor privado, como as empresas que protegem os edifícios. No Equador há aproximadamente 120 mil seguranças, o dobro do número de policiais, de acordo com o ministro do Interior, Juan Zapata, em entrevista à Ecuavisa.