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Marieta Severo enterra as cinzas do companheiro, Aderbal Freire-Filho, no Teatro Poeira: 'O lugar dele'
Em despedida íntima, atriz 'plantou' os restos mortais do marido entre palmeiras, no canteiro do espaço carioca que ele ajudou a construir

Aderbal Freire-Filho está plantado no teatro. Literalmente. A atriz Marieta Severo, companheira do diretor durante 19 anos, enterrou as cinzas dele, que morreu na última quarta-feira (9), no canteiro de plantas do Teatro Poeira. O espaço, que conta com dois palcos e fica na Zona Sul do Rio de Janeiro, foi idealizado por Marieta, Andréa Beltrão e Aderbal, e é mantido pela dupla de atrizes há 18 anos. Aderbal, portanto, é agora, parte do teatro que ajudou a construir e da arte que tanto amou e se dedicou.
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- É o melhor lugar para ele estar, não tem outro. A casa, a moradia, o lugar do Aderbal sempre foi o teatro. Tudo que ele pensou, idealizou e realizou foi no teatro. Ele dizia: "Eu existo quando tem peça em cartaz. Quando não tem, não existo" - conta Marieta. - É uma homenagem singela, mas significativa, a cara dele. É algo que me tranquiliza.
Marieta teve essa ideia tão logo foi avisada pelos médicos que o companheiro estava se despedindo da vida. Conversou com a parceira, Andréa Beltrão, que pensara o mesmo: não havia lugar melhor para Aderbal estar.
Ao contrário do velório do diretor - que lotou o Poeira e que contou com Marieta e Andréa dançando o rock and roll "Chegada ao Brasil (Terra à vista)", composto por Aderbal em parceria com o titã Branco Mello, além de duas das netas de Marieta, Clara Buarque e Lia, cantando emocionadas ao violão -, esse outro ato de despedida de Aderbal foi um momento bastante discreto. Aconteceu na tarde dessa quinta-feira (17) e que teve apenas a presença da equipe do teatro.
- Foi um ato íntimo, amoroso e cheio de significados entre nós do Poeira - define Marieta.
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A atriz mandou fazer uma placa com o nome "Aderbal" gravado nela. Será instalada no muro do canteiro, bem em frente de onde foi enterrada a urna com os restos mortais do diretor, em um espaço entre duas palmeiras-sagu. É uma urna feita de material reciclável, que se decompõe e vai se misturar à terra. Sobre a camada de terra, Marieta depositou um vaso com orquídeas brancas.
Ela ainda estuda que árvore vai plantar sobre as cinzas do marido. Queria antúrios brancos. Mas é uma espécie que não aguenta o forte sol que bate ali. Talvez, a atriz espalhe apenas pedras brancas.
Todo esse gesto fica ainda mais carregado de simbolismo se a gente pensar que foi Aderbal quem encontrou a casa que ele, Marieta e Andréa transformaram no Teatro Poeira. O diretor acompanhou de perto os dois anos de obra e depois agitou a programação. Levou para aqueles dois palcos todos os laços que construiu com o teatro da América Latina, principalmente com o Uruguai.
- Foi ele quem transformou tudo que a gente intuía, eu e Andréa, em realidade. O poeira tem 18 anos de vida ativa e ele colocou ali toda a sua sabedoria, vivência e realizações. O Poeira deve muito a ele.
'Não há preparação para a morte'
Marieta responde que está "bem" meio no automático quando a gente pergunta como ela vai. Em seguida, para, pensa e retifica:
- A gente acha que está preparada, mas não tem preparação para a morte. Além do amor, tivemos uma parceria muito sólida e estou agarrada nisso.
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