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Em 10 anos de Europa, Neymar foi melhor que outros astros brasileiros deste século? Veja raio-x

Atacante do Al-Hilal possui números superiores, mas que também ajudam a entender o tamanho da frustração da torcida com ele

Agência O Globo - 16/08/2023
Em 10 anos de Europa, Neymar foi melhor que outros astros brasileiros deste século? Veja raio-x
Neymar - Foto: Arquivo/ Instagram

A oficialização da transferência de Neymar para o Al-Hilal, da Arábia Saudita, interrompeu uma passagem de uma década pela Europa, aonde o brasileiro chegou cercado de expectativas — tanto as dele mesmo quanto as projetadas sobre si — e de onde sai com muitos gols e títulos. Se esse ciclo será retomado, só o tempo dirá. Com um contrato de duas temporadas recém-assinado com o clube árabe, em tese o atacante poderia voltar ao Velho Continente aos 33 anos. Mesmo que isso não ocorra, ele já construiu sua trajetória por lá. E cujo saldo pode ser analisado.

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A verdade é que existe um abismo entre os questionamentos recebidos por Neymar ao longo de sua passagem pela Europa e seus números. Na comparação com outros brasileiros que desembarcaram no continente neste século também cercados de expectativas, o agora camisa 10 do Al-Hilal se sobressai com sobras.

Em 359 partidas por Barcelona-ESP e Paris Saint-Germain-FRA, Neymar se destaca tanto no total de gols (223) quanto na média (0,62 por jogo) e em assistências (131). Quem mais se aproxima dele no primeiro quesito é Ronaldinho Gaúcho, que balançou as redes 145 vezes também pela dupla Barça e PSG e pelo Milan-ITA. Mas tendo participado de mais jogos: 375.

Na média de gols, Adriano é quem tem o melhor número depois de Neymar. O Imperador marcou 107 vezes em 245 duelos pelos italianos Inter de Milão, Fiorentina, Parma e Roma, o que lhe dá uma marca de 0,43.

Já no quesito assistência, Kaká é quem vem logo atrás de Neymar. O meia ofereceu 120 passes para gols em suas passagens por Milan e Real Madrid-ESP.

Mas, se possui números tão impressionantes, por que Neymar deixa a Europa longe de ter sido unanimidade? Um outro dado, também favorável a ele na comparação com os outros astros brasileiros, ajuda a entender. Foram 14 títulos relevantes nos clubes europeus. É mais que o dobro dos seis erguidos por Adriano, o segundo nesse quesito.

Só que, desses 14 de Neymar, oito foram conquistados no PSG. E um dos principais questionamentos que acompanharam o atacante nos últimos anos foi justamente sobre sua escolha por jogar na França, onde a pouca concorrência ao clube parisiense evidencia um problema de baixa competitividade interna.

Essa questão ainda ajuda a entender por que as tantas conquistas de Neymar nunca se refletiram nas principais premiações individuais. O brasileiro conseguiu figurar duas vezes na seleção do ano da Fifa (em 2015 e 2017). Mas chegou à Europa tido como aquele que faria o Brasil voltar a ter um atleta masculino eleito o melhor do mundo, o que não acontecia desde a eleição de Kaká, em 2007.

Isso não ocorreu. O mais perto que Neymar esteve disso foi o terceiro lugar, obtido nos mesmos anos em que entrou para o time ideal da entidade. Um objetivo não alcançado que permite concluir que, se por um lado ele possui marcas melhores que as de alguns astros brasileiros do mesmo século, por outro ele não conseguiu ser melhor do que seus concorrentes contemporâneos.