Internacional

Fiscal da moralidade é afastado após protagonizar cena de sexo gay em vídeo vazado

Homossexualidade é considerada crime passível de pena máxima de morte na República Islâmica

Agência O Globo - 31/07/2023
Fiscal da moralidade é afastado após protagonizar cena de sexo gay em vídeo vazado
Fiscal da moralidade é afastado após protagonizar cena de sexo gay em vídeo vazado no Irã - Foto: Reprodução

Um escândalo envolvendo um funcionário do governo iraniano tem causado furor nas redes sociais nos últimos dias. Reza Tsaghati, fiscal da moralidade e da cultura islâmica na província de Gilan, foi afastado do cargo após o vazamento de um vídeo no qual aparece fazendo sexo com outro homem. A homossexualidade é um crime passível de pena de morte pela legislação do país, baseada na lei de Sharia.

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O vídeo — originalmente publicado por um canal contrário ao regime no Telegram — foi acusado de tentar "enfraquecer a honrosa frente cultural da Revolução Islâmica" pelo governo de Gilan.

Inicialmente, as autoridades ficaram em silêncio diante do vazamento, mas, em 22 de julho, o departamento onde Tsaghati trabalhava emitiu uma nota afirmando que as imagens haviam sido encaminhadas para "análise cuidadosa das autoridades judiciais". A autenticidade do vídeo e as identidades dos envolvidos não puderam ser verificadas de forma independente pela reportagem.

Responsável por promover os valores conservadores islâmicos na província, Tsaghati foi afastado da função enquanto as investigações avançam. Ele também é fundador de um centro voltado para a devoção religiosa e o incentivo ao uso do véu (hijab) na região.

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Autoridades iranianas afirmaram desconhecer qualquer comportamento suspeito do oficial antes do vídeo. No sábado, o ministro da cultura do Irã, Mohammad Mehdi Esmaili, disse que não havia relatos negativos sobre Tsaghati.

Muitos dos comentários críticos ao escândalo apontam o contraste no tratamento dado a autoridades do governo quando são acusadas de um crime em comparação às mulheres e à comunidade LGBTQIA+, alvos frequentes de violência e políticas discriminatórias.

Peyman Behboudi, editor-chefe da Radio Gilan, responsável pelo vazamento, disse que o canal continuará expondo a "corrupção entre as autoridades do regime".