Internacional

Wagner continuará com operações na África e Bielorrússia, mas não recrutará novos membros por enquanto, afirma Prigojin

Segundo o líder dos mercenários, o grupo ainda está decidindo seus próximos objetivos, buscando realizá-los 'em prol da grandeza da Rússia'

Agência O Globo - 31/07/2023
Wagner continuará com operações na África e Bielorrússia, mas não recrutará novos membros por enquanto, afirma Prigojin
Rússia bombardeia cidade ucraniana inundada por colapso de barragem após Zelenksi visitar área - Foto: Internet

O líder dos mercenários do Wagner declarou, nesta segunda-feira, que as atividades do grupo na África e Bielorrússia continuarão, mas que não recrutarão novos combatentes por enquanto. Em mensagem de áudio publicada por uma conta do Telegram ligada ao Wagner, Yevgeny Prigojin mencionou que o grupo — que realizou um motim fracassado contra a alta cúpula de Defesa da Rússia no mês passado — ainda está decidindo seus próximos objetivos, buscando realizá-los "em prol da grandeza da Rússia".

Rebelião: Rússia vive tensão militar após embate entre Putin e líder do grupo mercenário

Após motim: Sumiço de chefe do Wagner que se rebelou contra Putin gera especulação

— Embora não estejamos enfrentando nenhum déficit de pessoal, não planejamos realizar novos recrutamentos — disse o líder mercenário. — No entanto, ficaremos extremamente gratos se vocês se mantiverem em contato conosco e, assim que a Pátria exigir um novo grupo capaz de proteger os interesses de nosso país, certamente começaremos a recrutar.

Segundo a BBC, Prigojin também disse na gravação que muitos membros do Wagner estão de folga após um "longo período de trabalho árduo". O grupo, contudo, deve permanecer "ativo na África e nos centros de treinamento na Bielorrússia", acrescentou Prigojin, mas sem se estender em detalhes. Ele ressaltou, ainda, que os seus combatentes não têm restrições para se unirem a outras estruturas de poder russas, embora alguns tenham optado por fazê-lo.

Guga Chacra: Qual o risco dos mercenários para o regime de Putin?

Recentemente, os mercenários do Wagner estiveram envolvidos em um levante armado contra a liderança militar russa após terem desempenhado um papel importante durante a invasão à Ucrânia — sobretudo na tomada da cidade de Bakhmut, na Ucrânia, em uma das poucas vitórias das forças russas após meses de ferozes combates.

Prigojin posteriormente disse que não queria a queda do presidente Vladimir Putin com o levante, mas da alta cúpula militar, algo que não conseguiu. Seus avanços foram cessados cerca de 24 horas depois, em um acordo mediado pelo presidente bielorrusso, Alexander Lukashenko. Pelos termos da trégua, o Kremlin abandonou as acusações criminais contra o chefe do Wagner, enquanto os combatentes concordaram em se exilar na Bielorrússia, depor armas ou assinar contratos com o Ministério da Defesa.

Ainda pelo acordo que pôs fim à rebelião, o ex-amigo do chefe do Kremlin havia concordado em se exilar na Bielorrússia, mas, desde então, parece ter tráfego livre entre os dois países. Na semana passada, por exemplo, o mercenário foi visto na esvaziada cúpula Rússia-África, organizada por Putin em São Petersburgo, onde foi fotografado cumprimentando Freddy Mapouka, chefe de protocolo da Presidência da República Centro-Africana.

O grupo paramilitar desembarcou neste país africano em 2018 para treinar o Exército e, posteriormente, desempenhou um papel fundamental em repelir uma tentativa de golpe contra o presidente Faustin-Archange Touadéra dois anos depois. Fontes diplomáticas ouvidas pelo jornal Financial Times afirmam que o Wagner fornece segurança pessoal ao presidente em troca de benefícios nas minas de ouro e diamantes do país, o que levanta especulações de que o mandatário africano possa estar sob a influência ou controle de Prigojin.

Strelkov, Prigojin e Popov: Como Putin neutraliza ultranacionalistas russos

O Wagner é importante para a presença russa na África, tendo um papel na segurança pública em nações deixadas em escanteio pelos Estados Unidos e seus aliados no Ocidente, e onde são acusados de cometer abusos e explorar recursos naturais.