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EUA caçam código de informática malicioso chinês que pode atrapalhar operações militares americanas

De acordo com New York Times, malware pode dar a Pequim poder de interromper ou retardar operações americanas em caso de conflito armado, como uma guerra envolvendo Taiwan

Agência O Globo - 29/07/2023
EUA caçam código de informática malicioso chinês que pode atrapalhar operações militares americanas
EUA caçam código de informática malicioso chinês que pode atrapalhar operações militares americanas - Foto: Reprodução

Os Estados Unidos trabalham para identificar e eliminar um código de informática malicioso que, segundo Washington, foi instalado pela China no coração de redes que controlam uma infraestrutura crítica para o Exército americano, de acordo com o jornal New York Times. A brecha de segurança, conhecida desde maio, é mais profunda e preocupante do que se estimava, segundo especialistas e agentes americanos ouvidos pelo jornal.

— É uma bomba-relógio — disse uma fonte parlamentar, que detalha que o software pode paralisar o complexo militar americano de em Guam, ao cortar a eletricidade, a água e as comunicações das bases militares.

Segundo o jornal, a Microsoft descobriu, no final de maio, um código misterioso no sistema de telecomunicações em Guam, território americano na Oceania a mais de 12 mil quilômetros de Washington, que acolhe bases aéreas dos Estados Unidos no Pacífico. A preocupação nos círculos de segurança do governo de Joe Biden se concentra na capacidade de Pequim de ativar o software em caso de conflito armado, como uma guerra envolvendo Taiwan, por exemplo.

Embora o código malicioso não tenha sido detectado em sistemas de informática confidenciais, uma vez ativado ele poderia interromper as redes de eletricidade, água potável e comunicação que abastecem as bases militares americanas, dificultando a movimentação de tropas.

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Ao New York Times, o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adam Hodge, não deu grandes detalhes, confirmando apenas que o governo Biden está trabalhando “continuamente” para defender os EUA de “quaisquer disrupções” da “infraestrutura crítica, incluindo esforços para proteger os sistemas de abastecimento de água, gasodutos, sistemas ferroviários e de aviação”.

No fim de maio, as agências de segurança cibernética dos Estados Unidos e seus aliados acusaram "um ator cibernético" patrocinado pela China de ter se infiltrado na "infraestrutura crítica" americana, acusação negada por Pequim.

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A Microsoft, por sua vez, havia indicado que o grupo por trás do ataque, Volt Typhoon, estava ativo desde meados de 2021 e teve entre seus alvos a infraestrutura crítica da ilha de Guam, que abriga um base militar americana importante no Oceano Pacífico.

Depois de mais de um ano de trabalho, as autoridades americanas ainda desconhecem o alcance total da brecha, disse o jornal americano.

As manobras de Pequim relacionadas à informática preocupam cada vez mais os países ocidentais. Uma subsidiária do Google informou no mês passado que um grupo de hackers vinculado ao Estado chinês era responsável por uma vasta campanha de espionagem dirigida a órgãos governamentais de países estrategicamente interessantes para Pequim.

— A escolha dos alvos estava diretamente relacionada a assuntos de grande prioridade para a China, principalmente na região Ásia-Pacífico, incluindo Taiwan — disse um especialista em segurança cibernética do Google.