Internacional

Embaixada sueca no Iraque é incendiada na véspera de queima pública do Alcorão em Estocolmo

Episódio acirra ainda mais as tensões diplomáticas entre o país escandinavo e nações muçulmanas

Agência O Globo - 20/07/2023
Embaixada sueca no Iraque é incendiada na véspera de queima pública do Alcorão em Estocolmo

A embaixada da Suécia no Iraque foi incendiada nesta quarta-feira, após autoridades da nação escandinava autorizarem um protesto no qual os participantes planejam atear fogo a um exemplar do Alcorão, livro sagrado muçulmano, em frente à representação diplomática do país em Estocolmo.

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Dezenas de manifestantes, mobilizados por um líder religioso, se reuniram na madrugada desta quinta (horário local) na embaixada sueca em Bagdá, informou um correspondente da AFP, de onde uma grande fumaça pôde ser avistada. O episódio acontece na véspera de mais uma queima pública do livro sagrado muçulmano, em uma sequência de manifestações extremistas que acirram as rusgas entre o país escandinavo e o Oriente.

Os funcionários da embaixada estão "seguros", segundo informou o Ministério das Relações Exteriores do país escandinavo em um e-mail à AFP: "Estamos cientes da situação. Nossos funcionários da embaixada (no Iraque) estão seguros e o ministério está em contato regular com eles", diz o texto.

De acordo com a autoridade consultada pela AFP, duas pessoas vão se manifestar nesta quinta-feira diante da embaixada iraquiana, na capital sueca. O organizador do evento é o mesmo que, em 28 de junho, ateou fogo a algumas páginas do Alcorão em frente à maior mesquita de Estocolmo. O homem é um refugiado iraquiano, que atualmente reside na Suécia.

A polícia afirmou que a permissão não foi concedida para uma solicitação oficial de queimar artigos religiosos, mas sim para uma reunião pública, conforme o direito de liberdade de reunião garantido pela Constituição sueca. Isso não equivale a aprovar o ato, ressaltou um porta-voz.

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Em janeiro, um extremista de direita sueco-dinamarquês, Rasmus Paludan, queimou um Alcorão em protesto à barreira posta pela Turquia à entrada da Suécia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que precisa da autorização de todos os Estados-membros.

A ação foi usada por Ancara como justificativa para atrasar a admissão do país na aliança militar, imbróglio que apenas foi resolvido na cúpula da Otan na Lituânia na última semana — mas ainda levará tempo para ser oficializado pelo Parlamento turco.