Política
Vilela diz que tem esperanças de ver a união entre Renan e Lira; João Caldas acha que é caso perdido

O Jornal Folha de São Paulo publicou ontem em seu portal extensa matéria sobre a guerra travada entre o senador Renan Calheiros e o deputado Arthur Lira. Os dois são os políticos mais poderosos de Alagoas na atualidade. Mas a disputa pelo poder hegemônico no Estado tem gerado rusgas intermináveis entre os dois caciques políticos.
Renan lidera o MDB e exerce forte influência no Senado, do qual já foi presidente 4 vezes. Arthur Lira, de um obscuro deputado na Assembleia Legislativa de Alagoas se transformou no todo poderoso homem da República, comandando a Câmara já por duas vezes.

Ocorre que a briga entre eles tem causado certo desconforto no Planalto, tendo em vista as posições antagônicas que eles exercem e que por vezes atrapalham a articulação do governo, mesmo sendo Alagoas o segundo estado mais pobre da Nação e com pouca importância no cenário nacional, exceto pelo grito de seus atores políticos.
Ouvindo personalidades da política local, a Folha de São Paulo colheu declarações importantes que podem ajudar ou até mesmo piorar o cenário de beligerância entre Calheiros e Lira.
"Essa é a briga mais civilizada que temos na história", brinca o alagoano Aldo Rebelo, ex-presidente da Câmara e ex-ministro de diversas pastas nos governos Lula e Dilma. "Geralmente terminava em morte, tiroteio, guerra civil", diz, em alusão ao histórico violento da política local, que, em menor escala e intensidade, sobrevive até hoje .
Espécie de referência para Renan nos primórdios da carreira política de ambos, no movimento estudantil pelo PC do B nos anos 1970, Aldo elogia o colega. "Renan é um político bem formado, tem ideias, capacidade de compor, fazer alianças, sempre consegue sobreviver aos aliados. Lira é o líder do Orçamento."
Marqueteiro de Lira na última eleição, Rui França (que já trabalhou para aliados de Renan) vê semelhanças entre os adversários. "Arthur atua na mesma pegada de Renan: apoio político, apoio de base. Um tipo de pegada que nem Téo [Vilela Filho] nem Ronaldo Lessa nem Collor tiveram, e não fez o menor esforço para ter. Renan chega aqui [a Maceió] na sexta-feira e recebe prefeito o tempo inteiro. O Arthur faz a mesma coisa. Eles têm uma linha de trabalho muito próxima."
O tucano Teotônio Vilela Filho, o Téo, governador por oito anos (2007 a 2015) e senador por Alagoas por 20 anos (1987 a 2007), concorda em termos gerais com essa ideia, mas vê diferença entre Lira e Renan no varejo político.
"Arthur é do acerto político, não é de botar a mão no ombro, de tomar um copo, estender a conversa, feito Renan. O jeito dele é: 'O que você precisa em tua base para dar voto para mim e meu pai? É um negócio, toma lá, dá cá." Téo frisa que não tem inimigos políticos e que se relaciona com ambos.
Para João Caldas, "Renan não pode dizer nada, Arthur está só copiando o que ele sempre fez".
DISPUTA MARCADA
O jornal paulista aponta uma disputa direta entre Renan e Lira ao Senado em 2026. O emedebista confirma que tentará seu quinto mandato. Embora Lira seja um pragmático e saiba que seu cacife em 2026, sem a Presidência da Câmara, será menor, aliados apostatam que ele tentará o voo ininterrupto. "Arthur está se posicionando para concorrer, com grandes chances de vitória", diz o ex-deputado Davi Davino Filho (PP), segundo na disputa ao Senado em 2022.
"Eu gosto de tê-lo como oposição porque ele costuma perder", provoca Renan.
Indagado sobre a chance de uma conciliação antes disso, o senador desdenha. "Temos boa relação com todo mundo, com todos os prefeitos. Nós não temos é com ele e não queremos ter, sobretudo depois do que ele fez com Alagoas nos últimos oito anos. Quanto mais poder ele terá, mais ele usará para perseguir Alagoas. Não dá para ter uma relação."
Téo Vilela ainda alimenta essa esperança. "Se esses caras conseguissem deixar o ego e a raiva de lado, ajudariam Alagoas, os dois mesmos e o Lula. Todo mundo só teria a ganhar."
Para João Caldas, é caso perdido. "Vão continuar brigando, não vejo chance de trégua, porque a coisa já foi longe demais. Se vier uma trégua, não vai passar de cinismo."
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