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Ensino médio na Berlinda

Arnaldo Niskier 13/06/2023
Ensino médio na Berlinda
Arnaldo Niskier - Foto: Arquivo

A atual situação do ensino médio no Brasil lembra a antiga canção portuguesa, muito cantada na PRK-30: “Não sei se vou ou se fico.” O Governo preferiu ganhar tempo e, na verdade, complicou mais ainda a solução. Hoje, francamente, não se sabe o rumo das coisas.

A suspensão temporária enseja a adoção de sugestões práticas e viáveis, como a criação necessária do tempo integral e a formulação de diversos percursos de formação dos alunos. Mas os sindicatos dos professores estão interferindo e complicando o encontro da necessária solução.

O ensino médio, hoje, tem elevadas taxas de evasão. Isso precisa ser contornado. O ensino foi ampliado de 800 horas para 1.000 horas anuais de aulas, com uma nova organização do currículo. Os percursos se tornaram flexíveis, com a oferta de quatro áreas de conhecimento (matemática, linguagens, ciências da natureza e ciências humanas e sociais aplicadas). Houve uma saudável preocupação com o ensino técnico e profissional e foram estabelecidos “itinerários formativos”, para incentivar o estudo por meio de oficinas e projetos diversos, para atendimento ao mercado de trabalho. Mas isso, na prática, não ocorreu e as escolas continuaram desassistidas.

Um exemplo claro de confusão se encontra nos itinerários formativos. Não se sabe bem o que é isso. E a pretendida reforma (necessária) da Lei de Diretrizes e Bases da Educação nacional não passou de medidas canhestras tomadas pelo MEC. Assim, a confusão tomou enorme espaço e não há como estranhar que um dos itinerários formativos tenha como base a disciplina intitulada “brigadeiro caseiro”. Parece até que não é verdade.

A ideia do “ensino à distância”, tão renovadora, em vez de levar o Ministério da Educação para um controle mais adequado dos novos cursos, foi trocada por restrições descabidas, prejudicando a ação correta dessa modalidade. Assim se perde um tempo precioso.

É claro que não se pode desejar que fique tudo nos moldes antigos, que já era uma deficiência assinalada. O que se pede é uma ação mais decisiva por parte das autoridades e que venha uma reforma pra valer.