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Heloísa agora é imortal

Arnaldo Niskier 02/05/2023
Heloísa agora é imortal
Arnaldo Niskier - Foto: Arquivo

Na casa de Machado de Assis, em recente votação, ninguém estranhou a quantidade de votos obtidos pela escritora, crítica literária a ensaísta Heloísa Buarque de Hollanda: 34 votos, quase a totalidade dos imortais existentes.

Na vaga nº 30, que foi lindamente ocupada por Nélida Piñon, a primeira mulher a ser presidente da Academia (fui o seu Secretário-Geral), Heloísa é uma das principais formuladoras e compiladoras do pensamento feminista brasileiro. É a décima mulher imortal da ABL.

A votação, pela primeira vez, aconteceu utilizando urnas eletrônicas. Consagrou a autora da coletânea “26 Poetas Hoje” e premiou a professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro, instituição na qual fez o seu doutorado em literatura brasileira.

Conheci Heloísa por intermédio da minha madrinha Rachel de Queiroz. Elas eram muito amigas e, na casa de Rachel, no Leblon, tivemos a oportunidade de um encontro que ficou marcado para sempre.

Com a morte de Nélida Piñon, aos 85 anos de vida, abriu-se a vaga na qual Heloísa Buarque de Hollanda foi eleita. No dia da comemoração, em Copacabana, ela contou que era prima do cantor Chico Buarque. Com muito orgulho.

São suas palavras: “a ABL é uma instituição muito poderosa, de muito respeito e prestígio. Está num momento de abertura, o que muito me encanta. Prometo trabalhar muito na instituição.”

Depois, lembrou suas relações com Nélida: “Era muito sua amiga, freqüentava bastante a sua casa. Vou procurar dar continuidade ao seu trabalho, de defesa da literatura e das mulheres.” Não deixou de citar o que hoje a ABL faz pela literatura, particularmente pelos jovens e os escritores das periferias. Daí ter lançado diversos autores dessas regiões.

O presidente Merval Pereira destacou aspectos da sua personalidade, a paixão pelo feminismo, onde pesquisou bastante.

Heloísa é formada em Letras Clássicas pela PUC/Rio e tem mestrado e doutorado em Literatura pela UFRJ. E tem pós-doutorado em Sociologia da Cultura na Universidade de Colúmbia (USA). Hoje, coordena o Laboratório de Tecnologias Sociais, no projeto Universidade das Quebradas. Um dos seus últimos livros é “O feminismo como crítica da cultura”, lançado em 10994. E lançou a coleção Pensamento Feminista, em 2020. Como se vê, uma escritora altamente qualificada.