A mente humana funciona como autentico armazém de informações, depositadas, a conta-gotas, em suas simbólicas prateleiras, estabelecendo arquivo contextual, que, quando requisitado, aflora ao cérebro, estruturando tomadas de decisões, quer seja para relembrar fatos, estabelecer axiomas científicos ou, simplesmente, “trazer à superfície de sua compreensão, uma gama de conhecimentos que se encontram adormecidos na aurora de seu entendimento”.

Uma palavra caracteriza um fato enquanto a música ou poesia transporta o sonhador a uma fase inesquecível de sua vida. Um simples nome faz eclodir momentos bons, ou, de não tão confortáveis lembranças.

Talvez, por tal motivo, os seres humanos sejam os maiores milagres do mundo conhecido. Capazes de praticar o bem ou semear o mal, com o mesmo discernimento. Estão sempre aptos a comer sem ter fome, beber sem ter sede, fornicar sem ser para procriar, praticar esportes, continuar aprendendo, caindo, levantando, amadurecendo, seguindo em frente, mas, mesmo sem notar, fazendo história.

Uma cidade retrata, muito bem, a importância da memória. Os nomes de ruas, por exemplo!!! A grande maioria, pouco se sabe a respeito dos seus patronos, que, contudo, em determinada época, devem ter pontificado no seio de sua comunidade. Os clubes sociais, onde outrora ocorriam comemorações inesquecíveis, sendo palco de alegrias, desventuras ou grandes amores, perderam o charme anterior, mas, cada centímetro quadrado, neles existente, continua sendo a fiel testemunha dos hábitos de uma geração.

Uma casa, em bairro conhecido, que se caracterizava por ser o ponto de convergência de uma distinta família, cujo nome, com os passar dos anos, foi arquivado nas cafuas da vida, possui história digna de ser contada. Uma via publica, que, em determinado momento, inspirou o poeta a afirmar: “toda rua tem seu curso/tem seu leito de água clara/por onde passa a memória/lembrando histórias de um tempo que não acaba”, apesar de haver perdido o bucolismo do cotidiano, os amantes que ali exercitavam seu romantismo, jamais haverão de esquecer os bons momentos nela vividos.

A rapidez com que ocorrem os avanços tecnológicos impõe que costumes sejam revistos, mas, somente o homem, com seu imensurável poder de adaptação, é capaz de, estruturado na força do pensamento, adequar toda sua sabedoria existencial adquirida, que, transformada em conceitos ultra modernos, o torna capaz de conviver e sobreviver, com felicidade, à verdadeira guerra, que é a vida.