Desde bem jovem fui orientado para aprimorar a inteligência através da leitura, tomando livros como companheiros, sem esquecer a importância dos números, aceitando que para ter sucesso haveria de apaixonar-me por incógnitas, aprendendo não somente a interpretá-las, como também em momento de pura inspiração reconhecer a importância das retas, círculos e curvas existentes nos jardins da vida refletidos em dimensões variadas por forças de lentes as vezes côncavas em outras convexas.

Em salas de aula, aprendi teorias diversas, contudo aos poucos assimilei que somente as pessoas sabias conseguem ir mais além, ao absorver conhecimentos obtidos através da experiência de vida, que de fato passam a prevalecer quando descobrem-se meios para praticar da melhor forma possível a matemática dos sonhos.

Na matemática dos sonhos, a exatidão dos teoremas com suas teses e hipóteses, nem sempre se sustentam ante a expertise da ilusão, imaginação, desejo ou esperança. As pessoas devem ser aceitas como verdadeiros tesouros, repletos de segredos e interesses que carecem de ser desvendados e interpretados, enquanto os erros cometidos, transformados em lições de vida para não serem repetidos posteriormente.

Quando criança, tudo é belo e fantasia. Dias atrás, Arthur meu neto, insinuou o desejo de adquirir ursinho de pelúcia para oferecer a amiguinha que então lhe iluminava o coração. Seus olhos fervilharam de alegria ao saber seria seu pedido atendido.

Em minha compreensão, o futuro imediatamente para ele modificou-se, apenas devido a luz emanada tanto do meu olhar quanto das minhas palavras lhe dizendo “sim”. Mil pensamentos e planos devem ter desfilado em seu raciocínio quase ainda infantil. Contrastando com tal episódio poucas horas depois, encontrei amigo das antigas, que ao mirar-me com seu semblante entristecido, deixou claro que as inúmeras flores oferecidas através dos tempos às suas inúmeras amadas, haviam uma a uma murchado, reduzindo sua felicidade.

Com o passar dos anos, qualidades e defeitos se acentuam nos indivíduos. Todos encaramos tal fato, principalmente quando convivemos com os mais idosos. Minha mãe até falecer parecia cada dia mais santa, enquanto meu pai, ao emitir último suspiro coincidentemente em meus braços, superou-se em exigências, pois olhando-me nos olhos, determinou que não deveria deixá-lo partir. Ainda hoje choro ao lembrar que não tive forças para tal.

Na matemática dos sonhos, quando o problema é deveras enorme, importante minimizá-lo, se por outro lado é pequeno demais, para que pensar nele? Por essa razão sempre entendi poder ser engenheiro, marido, pai e avô, e ao mesmo andar descalços e sem camisa nas ruas do condomínio onde resido. Ser quem sou e de onde vim, e praticar esportes com colegas diversos, muitos que até nem bem conheço e com eles sorrir até de mim mesmo.

Na matemática dos sonhos, para ser sério não precisa viver sério, pois a vida é um grande cálculo cujo resultado buscado, está fundamentado em enorme quantidade de algarismos, os quais devem ser habilmente trabalhados para que ao final da jornada, possamos, conseguir conceito nota dez.