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José e o carnaval
A diversão é uma das atividades mais prazerosas que podemos cultivar, pois seja praticando esporte, saindo para dançar ou reunindo amigos, há sempre um jeito de dar boas risadas e extravasar. Esses momentos de lazer são maneiras de encontrar a felicidade e aproveitar muito bem a vida.
Anos atrás o maioral Carlos Drummond de Andrade compôs o seguinte texto: “E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, Você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José?”
Carecendo a distração de ser parte da rotina do ser humano, em inúmeras fases da vida, principalmente nos finais de semana, muitas vezes sabendo estava a festa para rolar, vivi imaginando que algo de animado acontecia em algum lugar e não havendo sido convidado, deixara de participar.
Mas na época do carnaval era diferente, pois quando fevereiro chegava todos os dias corria a frente do espelho para ensaiar o melhor sorriso, treinar passos para dançar a música da moda e principalmente neutralizar as possíveis máscaras de dor, remanescentes das pancadas sofridas nos esportes que praticava.
Na realidade eu queria mesmo era ser feliz… conhecer pessoas alegres, brincar e divertir com muitos outros, quando usando fantasia padronizada, formávamos um time coeso cujo objetivo era comemorar, fosse a beira mar, festa no clube ou bar.
Hoje com a tonalidade prateada dominando os cabelos, o período do Rei Momo, continua a encher-me de prazer, usufruindo-o da melhor forma possível, tendo como integrantes da simbólica escola de samba favorita, familiares mais próximos e alguns amigos, sendo a nossa ala sempre a “da satisfação” e na grande avenida, o carro alegórico a ser seguido é aquele ornamentado por um grande coração.
Dias atrás, ao final de uma dessas previas carnavalescas acontecidas nas ruas de Maceió, encontrei colega das antigas chamado José, justo o que pressionava seus convivas com a seguinte observação: “carnaval chegando e você aí namorando? acorda rapaz, vamos atrás das colombinas!”, abracei-o e questionei sobre sua família.
Como resposta informou estar solteiro, porém desde quando nos desencontramos, foi casado sete vezes e ao ver-me acompanhado de esposa, filhas, genros e netos cochichou: “Você é um homem de sorte, continue namorando, afinal o carnaval pode durar até cinco dias, mas um relacionamento sincero, deve restar a vida inteira!”, e indo mais além completou: “pudesse fazer das mulheres com as quais vivi, uma colcha de retalhos, juntando de cada uma a parte interessante, talvez agora estaria realizado”.
Se naquela época quando a quarta-feira de cinzas chegava, era uma louca confusão, final de festa, devido a tristeza de retomar o cotidiano, hoje já bem mais estável em meu modo de pensar, ouso plagiar o grande poeta e escrever: E agora José, o carnaval acabou, sua felicidade se foi, quarta feira chegou. E agora José?
No meu caso sinto-me completo ao lado dos que prezo, pois sempre entendi que o amor é ninho, não tecido remendado, mas sim trama reforçada para suportar atritos.
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