Geral
Abastecimento de água em Palmeira e no médio sertão volta a ficar precarizado
Usuários do sistema de abastecimento de água da Companhia Águas do Sertão da região de Palmeira dos Índios e do médio sertão reclamam da constante falta de água. De acordo com populares, eles vivem um verdadeiro sofrimento com a falta de água na região. Tem localidades com mais de 20 dias sem chegar um pingo de água nas torneiras.
“O que tá (sic) chegando aqui em casa é a conta dessa água do sertão. Água mesmo que é bom nada. Tem mais de 20 dias. Só a conta mesmo que chega”, disse um usuário do serviço em Canafístula de Frei Damião, Palmeira dos Índios à reportagem da Tribuna do Sertão.
Nas emissoras de rádio são constantes os apelos dos moradores da região por conta da falta de água. Em que pese o espaço aberto das emissoras aos usuários a companhia faz ouvidos de mouco com as reclamações.
Nas redes sociais o assunto também é bastante comentado com reivindicações para abastecimento de água, sem que a empresa responsável apresente solução.
Outro problema detectado é a demora no atendimento aos usuários pela companhia.
Um deles ficou a esperar mais de 2h30 minutos para ser atendido no chat da Companhia, já que a empresa não dispõe de telemarketing para atendimento por telefone ou presencial, informou revoltado um dos usuários da companhia em Palmeira dos Índios.
Além disso, muitos usuários não tem internet e nem sabe utilizar o chatbot, fato que dificulta o acesso do cidadão às informações e serviços que necessitam.
Assumiu recentemente
Em parceria com a CASAL – que segue responsável pela captação, tratamento e qualidade da água –, a Águas do Sertão assumiu o contrato de 35 anos para cuidar da reservação e distribuição da água tratada pela Casal, assim como do esgotamento sanitário e do atendimento comercial na região.
Ao todo, 151 localidades passarão a ser atendidas pela nova concessionária, divididas em três núcleos, totalizando 568 mil habitantes: Núcleo Penedo, Núcleo Delmiro Gouveia e Núcleo Palmeira dos Índios que abrange Belo Monte, Cacimbinhas, Carneiros, Dois Riachos, Igaci, Jaramataia, Maravilha, Monteirópolis, Olivença, Ouro Branco, Palestina, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Poço das Trincheiras, Quebrangulo, Santana do Ipanema, São José da Tapera, Senador Rui Palmeira.
Após a compra do serviço pela “Águas do Sertão”, que pagou ao estado e esses municípios a bagatela de R$ 1,215 bilhão (na outorga) e outros R$ 1,89 bilhão previsto para obras ao longo dos anos, o serviço tornou-se mais precarizado com abastecimentos em intervalos mais longos. Em Palmeira dos Índios chega a ultrapassar mais de uma semana, o período de abastecimento, em que pese o cronograma da empresa apresentado ao público informar diferente, com intervalo menor.
Um verdadeiro afronta ao consumidor e que precisa da atuação do Ministério Público por se tratar de um bem público de livre apropriação e fruição, com valor ambiental, econômico e social.
Prefeituras de cofre cheio e povo sem água
Cada cidade abrangida na área de negociação entre a Casal e a Companhia Águas do Sertão também levou dinheiro para os cofres municipais.
Com a venda do serviço de água a essa empresa, Palmeira dos Índios, por exemplo, abasteceu os cofres de seu tesouro com R$100 milhões. Outros municípios também tiveram cotas milionárias. E os prefeitos diante do enriquecimento dos cofres públicos estão “caladinhos” em detrimento do sofrimento do povo com a precarização do serviço de abastecimento de água.
O Grupo Allonda foi quem adquiriu a concessão do serviço. A empresa é uma holding formada por cinco empresas: Allonda Ambiental, Allonda Engenharia, Allonda Energia, Allonda Saneamento e Allonda Resíduos, respectivamente especializadas em oferecer soluções sustentáveis para a indústria, o setor de infraestrutura, de energias renováveis, saneamento básico e gestão de resíduos baseada no conceito de Economia Circular e tem mais de duas décadas de atuação no Brasil e na América Latina.
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