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“O Prêmio do jornalismo brasileiro”
É com muito orgulho que represento a Academia Brasileira de Letras nesta homenagem, em comemoração aos 125 anos de sua fundação, prestada aqui na 13ª Edição do Troféu AIB de Imprensa.
O Troféu AIB de Imprensa contempla profissionais de comunicação, entretenimento, cultura e diversas mídias, com comprovada relevância e competência, escolhidos pela diretoria da AIB, seus associados e formadores de opinião.
Decano da ABL, onde sou o sétimo ocupante da Cadeira nº 18, fui recebido há 36 anos pela acadêmica Rachel de Queiroz. Autor de mais de 100 livros e mais de 5 mil artigos publicados, em cerca de 20 jornais brasileiros, posso afiançar que conheço bem os caminhos da cultura brasileira, onde a ABL pontifica, há 125 anos, como a mais nobre instituição da nossa literatura, constituindo-se como uma verdadeira guardiã dos saberes do país.
Nascida à margem de rupturas, a Academia Brasileira de Letras carrega, em seu gene embrionário, a capacidade de regeneração e superação, com o respaldo de uma histórica pujança intelectual cujo enredo resiste em ser esgotado.
Nossa instituição nasceu, oficialmente, no dia 20 de julho de 1897, numa sala do museu Pedagogium, na Rua do Passeio, onde seu primeiro presidente, Machado de Assis, fez um breve pronunciamento. O Brasil acabara de chegar à era republicana e vivia grandes transformações.
Inspirada na Academia Francesa, o primeiro secretário, Rodrigo Octavio, reuniu a memória histórica dos atos preparatórios da ABL, que vinham se realizando desde 1896, e o secretário-geral, Joaquim Nabuco, fez a homologação inaugural. No estatuto, o objetivo estava bem definido:“a ABL tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional”.
O discurso de Machado de Assis fixou, de forma definitiva, o início de uma nova era para a cultura nacional: “O vosso desejo é conservar, no meio da federação política, a unidade literária. Tal obra exige, não só a compreensão pública, mas ainda e principalmente a vossa constância. A Academia Francesa, pela qual essa se modelou, sobrevive aos acontecimentos de toda casta, às escolas literárias e às transformações civis. A vossa há de querer ter as mesmas feições de estabilidade e progresso. Já o batismo das suas cadeiras com os nomes preclaros e saudosos da ficção, da lírica, da crítica e da eloquência nacionais é indício de que a tradição é o seu primeiro voto. Cabe-vos fazer com que ele perdure. Passai aos vossos sucessores o pensamento e a vontade iniciais, para que eles o transmitam aos seus, e a vossa obra seja contada entre as sólidas e brilhantes páginas da nossa vida brasileira.”
Conjugando saberes diversos do cenário cultural, político e social, parte essencial do imaginário nacional se reforça através dos acadêmicos que, desde então, ajudaram a pavimentar o papel da instituição como guardiã e promotora do pensamento humanista. A Casa de Machado, como ficou conhecida, continuou a receber representantes de diferentes áreas, da Filosofia ao Direito, da Sociologia à Medicina, da Economia à Religião (entre os quatro prelados acadêmicos, Dom Silvério Gomes Pimenta, o primeiro arcebispo negro do Brasil).
Aberta a todos os saberes, intérprete do substrato cultural que nos modela, a Academia tornou-se a casa tanto da literatura quanto da excelência científica (de Osvaldo Cruz ao neurocirurgião Paulo Niemeyer Filho). Também marcaram presença intelectuais que fizeram a história da imprensa no país, como os jornalistas Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, e Roberto Marinho, do GLOBO.
Neste ano, juntaram-se aos quadros da Academia dois grandes artistas, mostrando um esforço da instituição em democratizar e popularizar os ocupantes de suas cadeiras: a atriz Fernanda Montenegro, que tomou posse em março, e o músico Gilberto Gil, em abril.
Em comum, todos nós reunimos a salvaguarda da arte e do pensamento humanista, além do espírito de resistência civilizatório.
Com 40 membros efetivos e perpétuos, e 20 sócios correspondentes estrangeiros, equilibrada entre tradição e modernidade, a Casa de Machado foi mantendo os valores de sua fundação, com devoção ao empenho memorialístico, insurgindo-se contra o esquecimento que, eventualmente, se abate sobre a consciência histórica.
O tempo passa, mas as páginas escritas pelos acadêmicos têm vida própria. Não morrerão nunca. Um legado que eleva e credencia, junto às novas gerações, a própria história do nosso país.
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