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As Cinco Pedras

12/09/2022
As Cinco Pedras

O poeta pode contar ou cantar as coisas, não como foram, mas como deveriam ter sido, o historiador há de escrevê-las, não como deveriam ser e sim como aconteceram, sem acrescentar ou tirar nada à verdade.

Existe ainda uma terceira categoria de interlocutor, muitas vezes nem mesmo possuidor do dom literário encantador das massas, mas enquanto embriagado de amor por seus descendentes, cria textos capazes de eternizar determinada fase existencial e através de escritos, consegue, utilizando estórias que um dia falou para eles, tornar inesquecível uma época.

Quando se ama de verdade, cascatas de fantasias que instigam a mente humana jamais perdem suas fontes de vitalidade, pois irrigados por forças da criatividade, alimentam o que de mais valioso e edificante possuímos em nosso ser, oferecendo condições de, perseverando na escuta da riqueza interior, trazer à luz verdadeiras pérolas das vastas jazidas de inspiração existentes nas mais profundas camadas do espirito.

Com o nascimento dos filhos de minhas filhas, relembrei do tempo em que os pais dos meus pais, então vivendo a idade que hoje trago, eram verdadeiros velhinhos que aos finais de tarde da ensolarada Caicó, sentados em cadeiras de balanço postas na calçada de casa, adoravam expor para mim intermináveis enredos por eles criados, com os quais vibrava e torcia para que nunca acabassem. Imaginei então,  teria que repetir tal atitude.

Hoje além de acompanhar meus netos em travessuras diversas e até trazer seus nomes tatuados nas costas, nunca desprezei a tradição que vem de anos longínquos, pois tenho certeza, à sua época, os ancestrais com os quais convivi, guardavam na memória relatos sobre fatos que alguma vez foram uteis para o conhecimento dos sábios.

Arthur e a Ilha do Trovão, Bibia e a Arca da Felicidade, Leléo o Menino Valente, Lelê e a Montanha Encantada, Gabriel e o Peixinho Mágico, tramas fabulosas, repletas de peripécias, no centro da terra, ilhota no meio do Atlântico, superfície da lua, na parte obscura de uma cordilheira e até no interior do corpo humano, tendo-os como personagens principais, cada um protagonizando ações dignas de super-heróis.

E agora chega ao público o livro As Cinco Pedras, onde todos eles, juntos pela primeira vez, reviram o estado de Alagoas de ponta a cabeça, em busca da formula da felicidade, tendo para tanto que singrar rios, lagoas e oceano, percorrer todas regiões e também escalar as mais altas elevações existentes na Terra Caeté, além de resgatar animais em extinção, para finalmente conseguirem o objetivo maior.

Tais trabalhos integram a coleção “Estórias de Contei”, que ainda está incompleta pois Matheus chegou há pouco mais de um ano, e possuidor de olhar carinhoso mesmo sem ainda proferir palavras, já deixa claro desejar o seu nome imortalizado através de sua própria aventura, fato que ocorrerá em breve.

Nunca tive dúvidas de que escrever é sacudir o sentido do mundo, e por tal motivo acalento a certeza de que ao fazê-lo para meus netos, os ofereço condições para cada um deles, me amar ainda mais.