Problemas sociais e políticos do Brasil, defendidos pelo inolvidável Padre Antônio Vieira no majestoso livro composto pela Editora Cultrix Ltda, São Paulo. Aliás, seleção de textos e apresentação feitas pelo mestre Antônio Soares Amora, da Universidade de São Paulo, que atraem os leitores pelas verdades circunscritas na obra em epígrafe. Notadamente, pelos consagrados Sermões do século XVII.

Sermão da Sexagésima (Vieira define seu estilo oratório); Sermão Vigésimo Sétimo (O missionário dos escravos); Sermão da Visitação de Nossa Senhora    (Criando a resistência moral contra as invasões holandesas) e Sermão do Espírito Santo (O advogado da causa indígena). Incomodou os algozes do poder de seu tempo. Inclusive, chamado ao Vaticano recebeu sua sentença: “Vieira você incomoda o braço direito da Igreja”. Retrucou: o braço que mata em nome de Deus.

A edição foi preparada pelo Prof. Antônio Soares Amora, da Universidade de São Paulo. Além do texto integral dos quatro Sermões, o volume inclui introduções críticas a cada um deles, esboço biográfico de Vieira, bibliografia básica dele e notas de esclarecimento do texto.

O notável lisboeta, chamava-se Antônio Vieira (Lisboa, 1608 – Salvador,  1697) – aportou na velha Bahia com seis anos de vida, acompanhado de seus pais, bem como de seu irmão (o poeta Bernardo Vieira Ravasco). Notabilizou-se como poliglota internacional, corajoso e, acima de tudo, apóstolo da imperiosa Igreja Católica Apostólica Romana. Sendo afastado de suas atividades religiosas que tanto incomodou seus superiores.

“ Vieira foi, sem contestação, uma das maiores figuras do século XVII; e o foi não apenas como escritor e pregador que dominava, com invulgar talento, a arte de escrever e de falar; mas também com sua inteligência, capaz de compreender os grandes problemas religiosos, morais, políticos, sociais e econômicos de sua época, e como homem de ação. Daí não ser possível entender e avaliar a cultura brasileira de seu tempo, sem o conhecimento de sua vida e de sua obra”.

Vieira, por sua vez, exigia do pregador o que sempre almejou para si: o saber completo da matéria tratada, a ciência vasta, a erudição profunda. Nessa passagem não era novel. Quintiliano o mesmo que exigia de seus discípulos; o mesmo ideal alimentou Cícero…Ouçamo-lo: “E se quisesse Deus que este tão ilustre e tão numeroso auditório saísse hoje tão desenganado da pregação, como vem enganado o pregador! Ouçamos o Evangelho, e ouçamo-lo tudo, que todo é o caso que me levou e trouxe de tão longe.

Esses quatro Sermões famosos, mostram com clarividência a capacidade literária do Excelso Vieira, aliada a sua fé edificante no cenário que viveu seus profícuos 89 anos. Diga-se, de passagem, um apóstolo de Cristo que fora incompreendido pelo papa de sua época. Tanto é verdade que não se tornou santo pela vida correta que viveu. Vale apenas conferir!