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Gil e a luz do luar

31/05/2022
Gil e a luz do luar

Com belíssimas imagens poéticas, o acadêmico e poeta Antônio Carlos Secchin saudou a chegada do cantor  e compositor Gilberto Gil à Academia Brasileira de Letras, em noite das mais concorridas. Recebeu o colar da nova imortal Fernanda Montenegro.

Secchin dedicou parte do seu discurso à esposa de Gil, Flora, grande inspiradora da sua consagrada carreira, onde pontuam mais de 600 músicas que enriquecem o cancioneiro  popular brasileiro, entre as quais o famoso “Aquele abraço”. Garantiu que a presença de Gil será iluminada por uma permanente luz do luar.

Muitos aplausos interromperam o discurso do grande cantor quando ele criticou o atual tratamento discriminatório dado pelo governo federal à cultura brasileira. Ficou claro o inconformismo da plateia.

Em artigo no jornal “O Globo”, Merval Pereira escreveu a respeito do General Lyra Tavares, antecessor de Murilo Melo Filho na cadeira 20 da Casa de Machado de Assis: “Gil falou a seu respeito com elegância e  generosidade, apesar de ter sido vítima da repressão militar que tomou conta do país, a partir de 1964.” O novo acadêmico falou do comportamento sempre afável e solidário, no convívio com os imortais, num gesto de grandeza moral. Lyra Tavares era irmão mais velho de João Lyra Filho, que foi reitor da UERJ e era também notável escritor.

Gil recordou sua participação no movimento chamado de “Tropicália” e disse da sua profunda tristeza quando perdeu o filho Pedro Gil, morto num acidente de automóvel,  em 1989.

Primeiro representante de música popular do Brasil, filho de professora primária Claudine e do médico José Gil Moreira. Gilberto chegou à ABL de forma consagradora, substituindo o jornalista potiguar Murilo Melo Filho,  que me coube saudar na chegada à ABL. Foi muito aplaudido, numa cerimônia marcada para sempre pelo número de convidados e a diversidade da sua  composição.