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Não é hora: a Covid mata toda dia um boieng lotado de gente
Se existe uma coisa que me impressiona fundamente nesta Alagoas de despautérios mil, é a responsabilidade social atropelada dia sim, outro também, sem o menor senso de pundonor pelas autoridades, na ânsia de “aparecer bem na fita” de qualquer jeito, seja qual for o tema, seja qual for a ocasião.
O que está ocorrendo agora com liberação do uso das máscaras pela população de Maceió e de Alagoas, seria risível e jocoso, não fosse o tema tão sério e de tal gravidade. “Otoridades” país afora danaram a liberar – contra todo o bom senso e alertas de infectologistas – já há algum tempo, o uso da máscara pela população sob as mais variadas – e tecnicamente erradas – desculpas. Que, de tão rasas, me recuso a dar o crédito a elas (as desculpas e às “otoridades” que as utilizaram).
Mas voltando à liberação das máscaras em Alagoas e Maceió. Na terça-feira dessa semana a prefeitura numa nota acanhada – com se estivesse envergonhada, mas sem querer ficar para trás de outras congêneres apressadinhas – do prefeito à cidade, informava que estava liberando o uso das máscaras e etc. e tal, como todos foram informados. No dia seguinte, o governo do estado como a marquetagem de sempre, “não ficou para trás” da iniciativa da prefeitura no dia anterior. Um macabro concurso prá ver quem libera mais os cuidados – mínimos, por sinal – com a vida que a máscara proporciona.
É preciso que se diga, que a COVID não desapareceu, nem está sob controle. Ela apenas diminuiu de intensidade. Os números estão aí para provar isso. Todos os dias estão morrendo em média (móvel) 334 pessoas no Brasil. É o mesmo que a queda de avião modelo JUMBO lotado, a cada dia! Os números de Alagoas no momento estão próximos daqueles do período de pico de três meses atrás. Então, por que o “liberou quase geral” quando a quantidade de mortes no país e em Alagoas está ainda muito acima do que é considerado o número “estável” de óbitos diários em uma pandemia. Aliás, por falar nisso, a OMS – Organização Mundial de Saúde não reduziu até o momento o status de pandemia da COVID. E com razão…
A China, onde tudo começou, está tendo uma recidiva violenta no surto da doença, estando atualmente com 37 milhões de pessoas, o equivalente a 17% da população do Brasil em lockdown total. Na Europa já está circulando outra variante do vírus, apelidada de Deltacron que possui velocidade de infecção 30% superior à da variável Ômicron. E como se viu em outras infestações, o vírus deverá circular livremente – com a liberação das máscaras no Brasil – nos próximos 60 a 90 dias.
Se isso ocorrer – vai acontecer – em Maio/Junho o Brasil estará novamente em crise pandêmica e, dada a velocidade de transmissão da nova variável, em julho o país poderá estar até sendo obrigado a promover medidas mais restritivas que o uso das máscaras. Um tremendo desgaste em ano político que a população não irá esquecer…
É melhor que governo de Alagoas e prefeitura de Maceió repensem essa estratégia equivocada que seus líderes enveredaram. É melhor “culpar” agora algum assessor “desinformado” e voltar atrás – um desgaste sim, mas com frutos políticos à frente, por assegurar o discurso magnânimo da preocupação com a vida dos seus eleitores – que correrem o risco de ver ameaçada a eleição dos seus correligionários e até as suas.
Fica o aviso.
Elias Fragoso é professor e economista.
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