Artigos
É tempo de alegria, época de carnaval
Em “A Psicologia do Sorriso Humano”, Freitas Magalhães deixa claro, ser a alegria traduzida em aceitação, ou seja, comprometimento com quem de fato você é, possibilitando, até mesmo, mudanças em sua vida. Bem diferente do conformismo, onde o cidadão acata a realidade de uma forma negativa, sem perspectivas de mudanças.
O mundo está repleto de personagens, que bem sintetizam tais modelos de comportamento humano. Seriamos todos nós, capazes de citar milhares de personalidades que conosco conviveram ao longo dos anos e que, facilmente, se inserem na definição do renomado estudioso.
Existe, porém, uma época do ano, na realidade brasileira, que não tem data fixa para acontecer e que se repete sempre nos meses de fevereiro ou inicio de março, quando não existe espaço para outro modo de agir, senão o que sintetize a jovialidade. Refiro-me ao tempo do Carnaval, onde, cada um a seu modo, independente da idade biológica que ostentem, se diverte seguindo a cadência dos ritmos, os mais variados.
Tudo começou com o Entrudo, brincadeira que veio de Portugal e que consistia em jogar uns nos outros, tintas, água e farinha. Com o passar dos anos, a diversão modificou-se e hoje, Carnaval é uma época em que os Arlequins de outrora, se misturam com os abadas dos tempos modernos, para, juntos, entenderem que “alegria é dar alegria de forma alegre”, a seus semelhantes e ratificar a certeza de que a tristeza pode, sim, ser combatida.
Recordo-me que, em minha infância, li um livro que ensinava: “quem sorri é alegre, quem chora, é triste”. O carnaval, com toda sua imponência e importância, desmitifica esta tese, a partir do momento em que as lágrimas facilmente se misturam com a euforia de um tempo que parece não ter fim, e onde as pessoas, despojadas de suas patentes, se ombreiam com os que, no cotidiano, lutam para conseguir o pão de cada dia nem sempre assegurado.
Estamos vivendo época de carnaval, quando homens e mulheres se fantasiam, se maquiam, se mascaram, algumas até saem do armário, para, enfim, se mostrarem, se atreverem a ousar, até, porque, o tríduo momesco, teoricamente, é tempo em que ninguém julga ninguém, já que ficamos menos hipócritas, e, talvez por esta razão, esqueçamos a vida alheia, permanecendo fieis às próprias vontades, enrustidas em outros momentos, por sabermos que, no carnaval, existe desculpas para tudo.
Este ano, mais uma vez, juntamente com todos os meus familiares, vou viver o carnaval na Barra de São Miguel. Sei que, ao final de tudo, terei dificuldade de voltar, pois, naquela terra de incontáveis belezas naturais, repleta de pessoas que abrem as simbólicas portas e janelas de seus corações para a permanente jovialidade, os ponteiros dos relógios foram arrancados e jogados nas profundezas do canal do Gunga, deixando claro que, ali, não se conta o tempo, somente se nota que o sol se põe cedendo espaço à lua, que, horas depois, devolve a gentileza ao astro rei.
Carnaval é tempo de alegria e de ganho imediato, vez que todos parecem entender, cada um a seu modo, que o sorriso é a moeda corrente da felicidade. Vamos à luta e, na medida do possível, brinquemos com moderação.
Mais lidas
-
1DEFESA
Análise: Índia tem equipamentos mais eficientes do que caças Tejas Mk1A a oferecer ao Brasil
-
2FIM DE PAPO
CNJ divulga resultado final do concurso de cartórios em Alagoas
-
3OSCAR DO RÁDIO
Nova edição do Prêmio Radialista Odete Pacheco homenageia grandes comunicadores de Alagoas
-
4DEBATE
Terceira Guerra Mundial à vista?
-
5CORTE DE GASTOS
Corte de gastos na Defesa não afeta Lula, pois militares têm 'gordura' para queimar, diz analista