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Independência sem mortes
Estamos nos aproximando de mais um 7 de setembro, data em que celebramos a independência da pátria acontecida em 1822, evento cuja história tem como contexto a realidade de uma colônia por anos dominada pela Coroa Portuguesa, que apesar de haver muito se beneficiado das nossas riquezas, não se pode negar, foi a grande responsável por manter íntegro o território brasileiro ante as investidas de diferentes povos europeus.
Em minha juventude, encantava-me quando juntamente com colegas de escola, preparava-me garbosamente para participar do desfile no dia 16 de setembro, relembrando 1817 quando Alagoas quebrou amarras, emancipando-se de Pernambuco.
Se por um lado a independência do Brasil foi impulsionada após o depósito em cofres lusitanos de indenização equivalente a dois milhões de libras esterlinas, para assim reconhecer a situação autorizando a coroação de Dom Pedro como o primeiro imperador do novo país, por outro, a Terra dos Marechais apesar de politicamente segregada da Veneza Brasileira, permaneceu por muito tempo ainda umbilicalmente vinculada ao estado vizinho.
Lembro bem quando no final do século passado, pessoas buscavam em Recife, médicos, dentistas, cabeleireiros, fotógrafos, costureiros, colégios e universidades. Eu mesmo viajei até lá acompanhado de meu pai com o objetivo de contratarmos um alfaiate para confeccionar as roupas que seriam usadas em meu casamento. Férias? O chique era o hotel Tavares Correia em Garanhuns.
Através das décadas que se sucederam o Brasil apesar de separado dos lusitanos, permaneceu tirantado pela ganância de autoridades brasileiras que através dos tempos se revezaram no poder exercendo influências para sonegar aos seus semelhantes o direito a saúde, segurança e principalmente educação, deixando de oferecer-lhes condições de serem realmente libertos.
A independência é um desejo construído desde a infância. Recordo época em que com somente quatorze anos de idade, iniciando a minha vida como docente voluntário no Colégio Marista de Maceió quando durante o dia estudava, enquanto a noite no mesmo prédio, funcionava a Escola Champagnat, frequentada por alunos carentes da região, onde lecionava disciplinas diversas. Desde então acalentava o anseio de ser dono do meu próprio nariz.
Muito cedo, acreditei ser o saber a ferramenta necessária ao desenvolvimento de um povo. Justamente por tal motivo, entendo que pensar em liberdade exige do homem uma boa compreensão do mundo globalizado, sendo a cultura uma arma importante na padronização das atitudes do indivíduo para que tal aconteça.
Em contraponto ao pensamento de D. Pedro I extravasado às margens do Riacho Ipiranga, só teremos no Brasil, a Independência sem mortes por fome, violência e ignorância quando entendermos a educação como um processo que oferece formação melhor qualificada nas suas diversas fases, possibilitando às pessoas o desenvolvimento de uma consciência crítica e seu comprometimento com a transformação da sociedade.
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