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Paulo Freire, o grande pedagogo brasileiro
Autor de “Pedagogia do oprimido”, publicado primeiro nos Estados unidos, em 1970, terceiro livro mais citado no mundo em matéria de ciências humanas, Paulo Freire faria, em setembro, 100 anos. Morreu com a fama de ser um autor esquerdista, embora tivesse a sua teoria fundamentada em princípios cristãos dos quais jamais se afastou.
Nascido em Pernambuco, ganhou fama com o programa de alfabetização de Angicos, no Rio Grande do Norte, e o trabalho na Secretaria Municipal de Educação de São Paulo, além da passagem pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e pelo Departamento de Educação do Conselho Mundial de Igrejas (CMI) em Genebra, na Suiça, onde foi colega da professora Rosiska Darcy de Oliveira, figura atuante da Academia Brasileira de Letras.
Sua família vivia em boas condições econômicas, mas com a crise de 1929, mudou-se para a cidade de Jaboatão dos Guararapes. Passou por situações de fome e pobreza, o que não o impediu de entrar para a Faculdade de Direito do Recife. Começou a trabalhar como advogado, mas logo se dedicou inteiramente à docência, que era mesmo a sua vocação. Revelou isso no trabalho para o Sesi, onde estudou a realidade de populações de extrema pobreza. Daí a sua fama.
Foi sempre auxiliado pela mulher, a professora Elza Maria Costa de Oliveira (1921-1986). Desenvolvia projetos de emancipação popular com adultos e trabalhadores da periferia urbana. Tentou a cátedra de Filosofia da Educação da então Universidade do Recife, mas não foi feliz. Foi aprovado como professor de História e Filosofia da Educação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade do Recife, hoje Universidade Federal de Pernambuco, com a tese original de “Educação e atualidade brasileira”. Ali, nasceram as bases do seu pensamento pedagógico e filosófico.
Com o Brasil revelando altos índices de populações vulneráveis, Freire dedicou-se a esse trabalho (“a leitura da realidade vem antes da escrita e da palavra”). Surgiram, assim, as palavras geradoras e se organizaram suas experiências pioneiras, entre as quais o projeto para alfabetizar, no prazo de 40 horas, 360 trabalhadores rurais em Angicos. A fama de esquerdista é porque as pessoas deveriam aprender a ler e escrever, mas também deveriam conhecer os seus direitos como cidadãos. Eis o cerne da pedagogia da Libertação que fez a sua fama internacional (Bolívia, Chile, Europa). Ficou 16 anos no exílio, onde escreveu suas obras principais, que lhe deram mais de 40 títulos de doutor honoris causa. A obra “A Pedagogia do oprimido” foi traduzida para mais de 50 idiomas.
Hoje, o espólio do grande educador está no Instituto Paulo Freire, em São Paulo, onde é possível estudar o que se entende por educação popular.
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