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A guerra sem futuro

29/06/2021
A guerra sem futuro

              Lamentável a opinião do escritor angolano José Eduardo Agualusa, que confunde as coisas, tomando partido do Hamas, culpando o Estado de Israel pela  beligerância. O cessar-fogo, mediado pelo Egito, encerrou 11 dias do mais recente combate, no qual mais de 250 pessoas foram mortas, a maioria delas em Gaza.

Tomando ares de profeta, Agualusa citou o dia 19 de julho de 2018, quando o Knesset aprovou Israel como uma “nação judaica” e o hebraico como única língua oficial, ele afirma que “nesse dia Israel começou a morrer”. Comentário odioso e ofensivo, com pouquíssima chance de se tornar realidade, até mesmo pela falta da necessária credibilidade do seu autor, que conviveu em silêncio com a longa ditadura de Salazar.

                 O conflito Israel/Palestina é uma questão complexa. Não pode ser explicado em poucas linhas. Não é razoável pintar os judeus como opressores ou colonialistas. As coisas não são assim tão simples. Podemos discordar de ações do governo israelense sem condenar um povo inteiro.

                  E nem o Hamas sozinho representa a Palestina. É uma sofrida minoria étnica.                  Nos últimos desentendimentos, a partir de 10 de maio, em que morreram mais de 400 árabes, não houve o que muitos jornais proclamavam como uma guerra Israel versus Hamas. O Hamas não é um país regularmente constituído. É um grupo terrorista, infelizmente apoiado por grupos esquerdistas, embaralhando as coisas.

                  Devemos ser sinceros, proclamando dois direitos fundamentais: a existência, já consagrada, do Estado de Israel, e um futuro Estado da Palestina, desde que naturalmente os árabes se habituem com essa coexistência. Enquanto isso não for alcançado, por vias democráticas, estaremos sujeitos a surtos de violência, destruição e mortes, que infelizmente é o pior dos caminhos.

Nós, escritores, acreditamos que os livros são um território livre do pensamento. Mas o autor da Teoria do esquecimento não deveria esquecer jamais de que a literatura é um exercício permanente de colocar-se na pele do outro.