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Os nós da educação

08/06/2021
Os nós da educação

 

                Por ter pertencido durante seis anos ao Conselho Nacional de Educação, inclusive presidindo a sua Câmara de Ensino Superior, não posso afirmar que desconheça os meandros da sua intrincada burocracia. Por isso mesmo, assisti com imenso prazer a live  promovida pela Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior, hoje presidida  pelo meu filho, professor Celso Niskier, reitor da Unicarioca. Na abertura dos trabalhos, o Ministro Milton Ribeiro foi extremamente feliz, ao focalizar o tema do empreendedorismo, a que o MEC agora também  se  dedica.

                   Ele criticou o excesso de nós na educação brasileira. A existência da indesejável pandemia complicou ainda mais as coisas, pois dificultou o controle da necessária regulamentação. Os fiscais ficaram mais velhos e a sua mobilidade, até mesmo pelo fator idade, já não é mais a mesma.

                  O ministro falou da revisão que se impõe e citou como exemplo negativo o que se passa com os cursos de medicina. Não basta apenas dificultar as coisas. É necessário também rever os procedimentos. Pelo medo dos excessos, a solução simplista de impedir novos cursos, na área biomédica, não parece a solução mais inteligente, num país da extensão do nosso. O MEC adotará os melhores princípios do empreendedorismo, como prometeu o ministro. O que não se justifica é a lentidão dos processos, como  acontece hoje em dia.

                   Pensando no assunto, com a nossa experiência acumulada, ocorre-nos um fato inexorável: num futuro breve teremos que trabalhar com uma série de novos cursos em áreas bem sensíveis como a tecnologia da informação ou as inovações trazidas pela biomedicina. Se não forem tomadas as providências apontadas pelo ministro Milton Ribeiro, muito em breve esses nós agravarão a busca de soluções. Ou elas se tornarão mais custosas ou difíceis.

                   O curioso é que existe um conjunto de burocratas que se esmera em dar nós cada vez mais apertados no processo, quando se sabe que não é esse o caminho. Devemos criar condições, baseadas na ciência administrativa, de desregulamentar, para renovar, com fiscais mais ágeis e bem treinados. Somente assim o ensino superior crescerá em bases sólidas.