Sou fascinado pela bucólica Palmeira dos Índios. Lá, lecionei Economia/Comércio Exterior no curso de Administração na Faculdade Cesmac. Transmiti aos ex-alunos os meus modestos conhecimentos da ciência severa da escassez. A convite do Dr. Ivan Bezerra de Barros, proferi Palestra na Casa de Graciliano Ramos versando sobre a vida e obra do advogado Natalício Tenório Albuquerque Cavalcanti (Vereador, Deputado federal por Caxias). Infelizmente fora cassado pela Revolução de 1964.

          Doutor Ivan Barros, amigo do protagonista até hoje, fez belíssima pesquisa sobre o “Homem da Capa Preta” – interpretado no cinema pelo autor global José Wilker. Filme que conquistou o público no Rio de Janeiro, bem como noutras plagas nacionais. Do povoado Bonifácio, migrou à Cidade Maravilhosa fazendo sucesso no Congresso Nacional, na política onde se destacou no campo social destinado aos menos favorecidos na vida.

          Enfrentou os algozes do poder com suas ações em prol dos pobres de sua época. Afora isso, fora respeitado como nordestino destemido arriscando a própria vida. Na qualidade de telúrico deixou versos imorredouros, como estes: Adeus, Sertão adorado/ Adeus, vida dorida/ Adeus terra de meus sonhos /Adeus paisagem querida/ Adeus pedaço de terra /Terra de minha            vida.

          Honrou Alagoas e, por conseguinte, o Congresso Nacional. Criou o jornal Luta Democrática, onde o jornalista e escritor Ivan Barros escreveu o corajoso livro: Tenório Cavalcanti, Além do Mito “O Homem da Capa Preta”. Duzentas e dezessete  páginas bem escritas, recheadas de fotos que retratam sua saga com lealdade, e, sobretudo, a verdade nua e crua.

          Como advogado, defendeu vários constituintes obtendo várias vitórias no mundo forense carioca. Inclusive, sofreu atentados de vida, salvando-se pela oração feita de sua mãe quando partira para a cidade grande. Nota-se na página 178 a frase do autor sobre sua obra: “Escrevi este livro cheio de saudades e emoção relembrando os tempos idos e vividos no Rio de Janeiro e a amizade que até hoje perdura como Natalício Tenório Albuquerque Cavalcanti, o mito político, o meu herói, o zorro de minha infância”.

          Na minha pesquisa sobre Tenório Cavalcanti fiquei impressionado pela sua coragem, pelos bons serviços sociais prestados à comunidade, e, principalmente, durante os 25 anos na câmara alta do país, representou a Terra dos Xucurus com zelo e competência política. Felicito o autor da obra pela feliz iniciativa de imortalizar sua memória.