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O vozeirão de Agnaldo

13/04/2021
O vozeirão de Agnaldo

                     Agnaldo Timóteo foi um ídolo da música popular brasileira. Vítima da Covid-19, deixou um legado precioso, ao lado de cantores como Francisco Alves, Caubi Peixoto, Ângela Maria e uns outros mais. Foi produto da “era do rádio”, antes tendo sido vendedor de pastéis e engraxate. Até alcançar a consagração, inclusive na política, foi um extraordinário lutador, na verdadeira acepção da palavra.

                      Dono de uma extraordinária popularidade, esteve comigo algumas vezes, na redação da revista “Sétimo Céu”, que dirigi no período 57/60. Participou, assim, do pioneirismo que marcou a criação das fotonovelas brasileiras. Fez alguns papéis de galã, com a sua morenice bem brasileira.

                      Chorando muito, Neguinho da  Beija-Flor, grande amigo de Agnaldo, deu um comovente depoimento sobre o ídolo: “Não entendi nada. Ele não saía de casa, tomou a vacina, cumpria os preceitos recomendados. E mesmo assim foi vitimado. É uma doença terrível, a pior que já tivemos.”

                      Agnaldo Timóteo morreu aos 84 anos de idade. Ainda se apresentava em programas de rádio e televisão com muita frequência, com músicas  clássicas no seu repertório, como a que homenageava as mães brasileiras e  a famosa “Conceição”, sucesso igualmente de Caubi Peixoto.

                      Ele chegou a vender muitos discos (dos 50 que produziu) nas ruas. Tinha orgulho de sua cidade (Caratinga) e de Governador Valadares, para onde se transferiu aos 16 anos de idade. Chegou a cantar em circos, marcando a sua característica de cantor romântico.

                       Em matéria de futebol, tinha adoração pelo Botafogo F.R. Ia aos campos para brigar pelo “Glorioso”. E sua adoração artística reservava para Ângela Maria. Queria homenageá-la com um disco de 14 músicas, mas parou na sétima. A doença não deixou que ele completasse o trabalho.

                        Veio tentar a vida no Rio de Janeiro, por insistente sugestão da “Sapoti”. E aí deslanchou para a celebridade, escudado na voz que muitos consideravam a mais forte e poderosa do nosso país. Gravou em 1968 o disco “Meu grito”, um sucesso de Roberto e Erasmo Carlos. Daí seguiu com uma série de êxitos, que  marcaram a sua carreira, agora infelizmente  interrompida.