Economia
Real contra outras moedas se destaca negativamente, avalia Bruno Serra
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, reconheceu nesta quinta-feira, 8, que o real se destaca “negativamente” em relação a outras moedas e tem um dos piores desempenhos globais.
Ao tratar da questão, Serra citou uma série de fatores que, nos últimos anos, tem influenciado o movimento do câmbio no Brasil. Em primeiro lugar, ele citou o fato de que, com a perda do grau de investimento concedido pelas agências internacionais de rating, o crédito internacional ficou mais escasso às empresas brasileiras.
Serra pontuou que, nos últimos anos, muitas companhias também passaram a “deixar” mais dólares no exterior, para pagar compromissos em outros países. De fato, este movimento foi bastante perceptível no segundo semestre de 2019, quando houve o chamado “pré-pagamento” de dívidas de empresas brasileiras em outros países. Serra lembrou, porém, que “este movimento tem fim”.
O diretor do BC defendeu que a tendência é de que o mercado de câmbio tenha um fluxo “melhor” em 2021. “Commodity traz investimento ao Brasil. A tendência é que tenhamos melhora”, afirmou. “O fluxo cambial já apresenta melhora em 2021.”
Conforme o diretor do BC, o movimento de zeragem do chamado “overhedge”, no ano passado, também influenciou o mercado de câmbio. “O BC vendeu US$ 56 bilhões no ano passado, mas só o setor financeiro comprou US$ 34 bilhões”, disse. “No quarto trimestre do ano passado, os bancos tiveram que comprar um volume grande de dólares para o overhedge.”
Em 2020, o Brasil enfrentou um ajuste de estoques cambiais ligados ao overhedge – o hedge (proteção) em excesso que bancos com operações no exterior carregavam e que precisou ser reduzido até o fim do ano.
Serra afirmou ainda que houve mudanças no mercado na virada de 2020 para 2021. Segundo ele, o BC precisou fazer intervenções no câmbio. “Desde que fizemos intervenções no câmbio, o mercado se equilibrou bastante, mesmo com o fiscal”, disse, em referência às dificuldades do País em equilibrar suas contas. “Passada a pandemia, teremos que dar direção para o problema fiscal. Em períodos em que o fiscal está endereçado, o que ocorreu até 2013, as variáveis econômicas reagem adequadamente”, acrescentou.
Câmbio
Bruno Serra afirmou que o câmbio mais depreciado tende a manter a melhora da conta corrente brasileira por período mais prolongado.
Segundo ele, uma parte da melhora da conta corrente de todos os países emergentes ocorreu em função da queda da atividade interna, que leva as pessoas a importarem menos.
Serra participou hoje de evento virtual organizado pela Consulting House.
Autor: Fabrício de Castro e Idiana Tomazelli
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