Esportes
Bases milionárias e captação de talentos levam Palmeiras e Grêmio à decisão
Palmeiras e Grêmio chegam à decisão da Copa do Brasil neste domingo amparados em um longo projeto de formação de atletas das categorias de base. Os dois finalistas têm se mostrado nos últimos anos dois grandes reveladores de craques e aos poucos colhem os frutos desse trabalho. Se dentro de campo os títulos no futebol profissional comprovam a qualidade do talento caseiro, nos bastidores as vendas milionárias e as multas rescisórias altíssimas garantem lucro para as diretorias.
A equipe alviverde está a um empate do título. Após vencer o jogo de ida em Porto Alegre por 1 a 0, o clube ficou perto de consagrar ainda mais uma geração de jovens jogadores revelados na própria base. Todos com menos de 22 anos. O volante Danilo, os meias Patrick de Paula e Gabriel Menino e mais o atacante Gabriel Veron passaram a ter mais espaço no time principal em 2020.
Somadas, as multas rescisórias do quarteto ultrapassam os R$ 2 bilhões. O clube recebe sondagens e propostas por eles com frequência, mas tem se esforçado em segurar os talentos. “Nossos jogadores chegam ao profissional muito preparados. Como agora a base tem campeonatos organizados, você joga em estádio cheio e os meninos adquirem logo cedo essa maturidade. Eles não sentem tanta pressão quando chegam ao profissional”, explicou ao Estadão o coordenador da base do Palmeiras, João Paulo Sampaio.
O Palmeiras revolucionou o departamento de base em 2014. O clube aumentou a rede de olheiros para aprimorar o processo de captação de talentos. Por isso, foi capaz de encontrar jogadores em campeonatos distantes. Danilo, por exemplo, foi descoberto na segunda divisão da Bahia e Patrick de Paula chamou a atenção em campeonatos amadores do Rio. De 2017 para cá, a base palmeirense conquistou cinco títulos nacionais nas categorias sub-17 e sub-20.
Em 2019, o clube chegou a investir quase R$ 26 milhões no departamento de formação de atletas. A maior venda recente foi a saída de Gabriel Jesus no início de 2017 para o Manchester City, por mais de R$ 100 milhões. Outras negociações também renderam bons frutos e envolveram atletas que não tiveram muita sequência no time profissional, casos de Luan Cândido, Fernando e Vitão.
O clube gaúcho conseguiu de 2016 para cá ganhar uma Copa do Brasil e uma Libertadores liderado por jogadores pratas da casa. Luan, Pedro Rocha, Arthur, Everton Cebolinha e Walace foram alguns dos protagonistas nesses torneios e até chegaram à seleção brasileira. A formação de todos foi fruto de um projeto criado em 2013 no Grêmio para reorganizar as categorias de base. Desde então, a diretoria estima ter recebido mais de R$ 700 milhões em vendas de atletas da base.
Criador do projeto, o ex-coordenador da base do clube, Júnior Chávare, afirmou que o segredo da formação do Grêmio está em trabalhar de maneira específica cada posição. “É um projeto em que se trabalha as valências técnicas, táticas, físicas, emocionais e nutricionais pela sua respectiva posição. Depois, esse trabalho é aplicado de forma a integrar esse indivíduo dentro do grupo”, disse.
Um grande apoiador desse trabalho é o técnico Renato Gaúcho. No clube há mais de quatro anos, ele foi o responsável por integrar grande parte desses atletas revelados na base e fazer o Grêmio sair de um longo jejum. Antes de ganhar a Copa do Brasil de 2016, o Grêmio acumulava 15 anos sem conquistas importantes. De lá para cá, o time voltou a ser uma potência.
A equipe que tentará vencer o Palmeiras no Allianz Parque tem mais uma dessas revelações da base. O atacante Pepê está vendido ao Porto, de Portugal, por R$ 98 milhões. O jogador deixará o time em junho. A maior venda recente foi Éverton Cebolinha. No ano passado o Benfica pagou mais de R$ 100 milhões pelo atleta. O atacante é presença certa nas convocações da seleção brasileira juntamente com outro gremista de sucesso na Europa. O meia Arthur passou pelo Barcelona e agora está na Juventus.
A captação de talentos é outro destaque do trabalho do Grêmio. O clube gaúcho descobriu Everton Cebolinha na base do Fortaleza, trouxe Arthur do Goiás e contratou para a base o volante Walace após vê-lo em ação pelo Avaí. Destaque do time atual, o atacante Pepê chegou ao time após ter feito somente 12 partidas pelo Foz do Iguaçu.
Autor: Ciro Campos e João Prata
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