Economia
Semana começa positiva, com 7ª alta seguida na Bolsa
O fôlego do mercado de ações brasileiro parece não ter fim. Apesar da instabilidade das bolsas externas, o Ibovespa começou a segunda-feira, 8, com ganhos superiores e já testando novamente os 96 mil pontos (96.351,99, na máxima). Os investidores também sugerem que continuarão ignorando, pelo menos por ora, os riscos políticos e sanitários.
Às 10h48, o Ibovespa subia 1,62%, aos 96.166,27 pontos. Já em Nova York, o Dow Jones subia 0,96% e o S%P 500, 0,39%, enquanto o Nasdaq caía 0,10%.
Enquanto vários países dão sequência ao processo de reabertura das suas economias e de suas atividades após o isolamento social por conta da pandemia do coronavírus, o Brasil ainda fraqueja nessa parte. Além dos atritos na política, o número de casos e de mortes por conta da doença não para de crescer, ao mesmo tempo que o Ministério da Saúde – ainda com ministro interino – divulga dados contraditórios.
O economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira, reconhece que há “um monte” de confusão na política brasileira, mas ainda sem força para afungentar o investidor da B3. Pode ser, diz, que até tenha realização de lucros, após os ganhos robustos da semana passada, quando o Ibovespa subiu 8,28%, chegando a alcançar a máxima aos 97.355,75 pontos. “Pode ter algum reequilíbrio, mas nada que mude a tendência positiva de furar os 98 mil/99 mil pontos, buscando os 100 mil pontos. A liquidez continua forte e o juro básico está muito baixo”, avalia.
A XP Investimentos elevou o preço-alvo do Ibovespa de 94.000 pontos para 112,000 pontos para o final de 2020, o que oferece hoje 16% de valorização potencial, cita a nota. A XP explica que a mudança deve-se à redução do risco País, de 450bps (4,5%) para 280bps (2,8%), “o que aumenta o múltiplo justo de Preço/Lucro”. Além disso, acrescenta que passou a utilizar somente a projeção de lucro de 2021, ao invés dos próximos 12 meses..
A agenda de indicadores esvaziada nesta segunda-feira pode ser um dos fatores a permitir realização na B3 hoje, já que investidores estão à espera da decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) na quarta-feira.
Um dia depois, na quinta-feira será feriado no Brasil, o que pode ser mais um fator de espaço para realização. No entanto, como o mercado não espera mudança na reunião do Fed, com o juro devendo seguir perto de zero e a autoridade monetária apenas reforçando seu compromisso de ajudar na retomada dos EUA, pode ser que também fique em segundo plano.
A despeito da expectativa de que o investidor ignore os manifestos contrários ao governo do presidente Jair Bolsonaro no fim de semana no Brasil, o economista do ModalMais pondera que os temas políticos seguirão no radar dos investidores, podendo causar efeitos negativos na Bolsa dependendo dos desdobramentos. “Temos vários assuntos que podem atrapalhar, como o Olavo de Carvalho espécie de conselheiro de Bolsonaro, mas que agora fez várias críticas a ele e denúncias envolvendo o Centrão.
No entanto, isso pode afetar só se agravar, mas por enquanto não parece o caso”, diz. O deputado Arthur Lira (PP-AL), um dos principais líderes do chamado Centrão, foi acusado de ter recebido propina de empreiteira, segundo Operação Lava Jato.
Mesmo com a queda do petróleo no exterior entre 0,80% (Nova York) e 1,64% (Londres), as ações da Petrobras avançam acima de 1%, após, no sábado, a Opep+ confirmar uma esperada prorrogação dos atuais cortes na produção da commodity. Naquela ocasião, os contratos futuros da matéria-prima subiram quase 6%.
Além disso, os papéis da Vale se beneficiam da valorização de 4,89% do minério de ferro no porto chinês de Qingdao, na China, a US$ 105,67 a tonelada, e de notícia ligada diretamente à empresa. A mineradora suspendeu as atividades do estabelecimento minerário do Complexo de Itabira (MG), atendendo a decisão da Justiça local. As ações da empresa têm ganhos de 1,68%.
Autor: Maria Regina Silva
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